quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Merry Xmas and Happy New Year!

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Olá! Na véspera da véspera (???) do Natal eu resolvo aparecer por aqui. Bem, não poderia deixar 2010 passar sem vir aqui pelo menos uma última vez. Esse ano foi ótimo e nem os "pequenos" problemas que apareceram diminuiu a importância dele. Enfim... tivemos um longo hiato devido ao fato dessa que vos fala (ou melhor, escreve) ter passado as últimas semanas preocupada com o fim de período da facul. Bem, o período acabou e o ano também (praticamente) mas eu deixei um último post (dá uma olhada no post aqui embaixo), bem no clima do Ano Novo e também pra servir como uma prévia pra vocês saberem o que vem por aí. Em 2011 vão acontecer algumas mudanças por aqui. O conteúdo terá uma leve mudança na temática, o layout será trocado por um feito exclusivamente por mim e dentre outras coisas. Muita coisa aconteceu e mais ainda acontecerá afinal eu estive sem postar, mas não sem produzir. É isso, em janeiro a gente retorna com as novidades de fato e enquanto isso aproveite bastante as festas de fim de ano. Merry Christmas e Happy New Year! \o/


(imagem: www.google.com)

Daltonismo, um balão e uma porta

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Sem nada pra fazer numa noite quente de fim de ano (mais precisamente no dia 31 de dezembro) eu resolvi caminhar e acabei parando na praia. Andei alguns metros, peguei um refrigerante e ouvi uma voz ao pé do meu ouvido.

Como uma garota tão linda está sozinha no Ano Novo?

Eu me virei num reflexo e derrubei o refrigerante na camisa do desconhecido.

Errr... é... desculpa, você me assustou! Tudo bem, não tem problema. Pelo menos agora você vai se sentir culpada e vai me dar um pouco de atenção.
Levantei o sobrancelha e o olhei rapidamente. Analisei desde a camisa branca molhada pelo refrigerante até as Havaianas e sim, ele merecia toda a minha atenção. Sorri um pouco sem graça, em parte porque eu realmente estava sem graça por ter sido tão desastrada e em parte porque estava com medo que ele ouvisse os pensamentos que começavam a surgir na minha cabeça.


Você realmente está sozinha? – ele perguntava ainda incrédulo.
Sim.
Que tipo de pessoa passa o Ano Novo sozinha?
O tipo de pessoa que não quer passar a Ano Novo ao lado de quem ela conhece.
Que ótimo, então nada impede que você passe com quem não conhece, certo?
 Sim. Eu acho.
Então vem, vou te apresentar algumas pessoas.

Ele me puxou pela mão e me levou até uma parte privada da praia.

Coloca isso no pulso.
Oi? – mais uma vez estava perdida em pensamentos. Ele me estendeu uma pulseira verde neon com um identificação. Eu fiz um sinal negativo com a cabeça mas ele insistiu. Acabei cedendo. Andamos um pouco mais e ele encontrou um grupo de amigos.

Ei cara, onde você tava? Putz, o que aconteceu com a sua camisa?
Foi culpa dela. – ele apontou pra mim com uma cara de bravo e depois sorriu com o meu espanto. – Foi culpa dela mas hoje ela é minha convidada então quero que vocês a tratem muito bem. 

Um “ok” foi ouvido em uníssono mas quando ele ia me apresentar aos amigos percebeu um pequeno detalhe e começou a rir.

Desculpa, mas do que você tá rindo?
Eu ia te apresentar aos meus amigos mas percebi que nós não nos apresentamos ainda.
Hm... verdade. Meu nome é Suéllem.
Muito prazer Sue, meu nome é Frank. – ele me disse se aproximando, pegando na minha cintura e dando um beijo demorado na minha bochecha. – Nossa, você tem um perfume incrível!  ele sussurrou perto do meu ouvido e, se ele não estivesse me segurando juro que provavelmente eu teria caído.
É melhor você tirar essa camisa cara! – uma voz na multidão fez a sugestão que foi acatada por ele. Frank tirou a camisa destruída por mim e instantaneamente eu comecei a suar e ele, ao perceber a reação, ficou feliz por tê-la provocado.

Ele era um cara incrível, lindo, simpático, tinha saído melhor do que encomenda numa noite incerta de um Ano Novo que tinha tudo para ser no mínimo estranho. Começamos a conversar sobre temas aleatórios até que, sem motivo algum começamos a debater sobre a cor de um objeto (talvez um balão, não lembro ao certo) que estava ao longe.

É laranja!
Laranja? Aquilo é rosa!
Rosa? Você tá doida né? Só pode ser laranja.
Agora eu tô vendo vermelho!
Daqui a pouco vai falar que é verde com listras azuis! – ele gargalhou, me abraçou e fez eu me derreter ainda mais.
É, eu devo tá meio daltônica. – respondi resignada de que nunca conseguiria descobrir a cor daquele estranho objeto, ainda dentro do abraço.

Ele sorriu e cochichou pro amigo do lado “ela deve tá excitada, daltônica num é isso?”. Eu enterrei o rosto no peito dele e não sabia se chorava ou se caía na gargalhada. Depois de um tempo (e ainda na praia), quando o dia amanheceu eu disse que tinha que ir pra casa.

Eu te levo!
Não precisa, obrigada.
Eu insisto! Me dá o seu telefone também.
Faz o seguinte: joga daltonismo no Google e quando você achar a resposta me liga, ok?

Ele me olhava sem entender enquanto eu dava as costas e ia pra casa rindo de mim mesma e da situação. Acho que eu devia estar daltônica mesmo. Nos dois sentidos. Bem, pelo menos a noite foi muito bem aproveitada. Mas era burro como uma porta.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Descanso

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Pois é,
melhor deixar assim
que essa mansidão que
se tornou meu coração
não há de perdurar.

Avisa quando tudo acabar
já que não sou de me entregar.
Por hora deixa assim,
repousa teu sorriso em mim
e fim.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Lost

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Cavei, cavei, cavei
até ficar profundo demais,
abstrato demais
difícil demais.
Aí eu parei e me perdi - em mim.

domingo, 31 de outubro de 2010

Alguns sonhos

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Eu tenho um sonho
e dele se alimenta
com migalhas a minha realidade
com sabor de ilusão,
que ata meus olhos
sem me deixar ver a cor do teu beijo.

Eu tenho um sonho perpétuo
que mais parece prece
em forma de canção,
e acorrentado a esses grilhões
meu coração ainda clama por emoção.

Eu tenho um sonho etéreo
e medo tenho dele se desfazer
esfarelado, escorrendo entre meus dedos.
Será que irá retornar ao pó de onde
um dia atrevi-me a resgatar-lhe?

Eu tenho um sonho eterno
e do mais presente, a ausência

apenas alimenta páginas em branco
com restos de lirismo
mal posicionados.

Sei que nada há
de fazer sentido,
antes eu estivesse dormindo.
Apenas sei que tenho um sonho
- e estou acordado.
É contigo!

sábado, 30 de outubro de 2010

Hope

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Continua vivendo
de tolas fantasias.
Continua a imaginar
seu sonho, fiel realidade.

Continua se iludindo
pobre criança,
tentando transformar
tanta esperança, em verdade.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Vinte e seis de outubro

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Nunca gostei de fazer aniversário e sempre reclamei um pouco disso. Ninguém nunca entendeu, afinal como pode alguém não gostar do próprio aniversário? É, eu não gosto. Com 23, o problema não é o transcorrer dos anos e nem o que fica pra trás com isso. O problema é tudo aquilo que se espera e nunca vem. É o grito mudo que fica entalado na garganta. É esperar exaustivamente pelo que nem se tem mais esperanças.

Sabe, o problema não é o que fica, isso é necessário, eu sei. O problema é tudo o que chega e não sabemos como lidar. Tudo o que chega e as pessoas que chegam. Tenho medo de não saber acolher as pessoas como elas merecem e acabar afastando-as.
Fora isso sabe o que pega? Ninguém nos ensina como é crescer. Não tem cartilha, tutorial ou professor. Ninguém nos diz quando temos que crescer (ou como crescer). Já me falaram que era difícil mas nunca se consegue mensurar de fato. Difícil é pra todos e tenho a impressão de que ninguém na verdade sabe lidar com isso. Crescer dói.

Além disso, além dos anos, das dúvidas, do que fica pra trás e aquilo que chega, nada seria um problema se o grande medo não fosse um só: o de se perder. Porque nessa passagem do tempo, por cada volta que os anos dão, por cada dia que me obriga a crescer mais rápido e de forma assustadora, o que amedronta é a possibilidade de, em alguma curva dessa estrada, eu acabar me perdendo. O medo maior de perder a fé e a inocência que ainda insistem em habitar meu coração, medo de perder esse sorriso bobo acompanhado de um jeito quase infantil. Medo de, por ter que crescer rápido, acabar me tornando alguém que eu não quero ser. Medo de me descobrir uma fraude e, pior, como conseqüência disso, não conseguir mais passar pro papel o que eu sinto. Seria como morrer afogada em minhas próprias palavras. 

Hoje, agora com 23, ainda tenho tudo isso, só não sei até quando. E não sei qual desses “26 de outubro” que ainda estão por vir irá me tirar isso, nem sei se esse medo todo é fundamentado, apenas queria compartilhá-lo, afinal as pessoas também fazer aniversário nos dias 27, 28, 29, 30... e medo todo mundo tem.

E assim, meio sem pretensão alguma termino esse texto, um diálogo torto entre eu e mim. E se alguém chegou até aqui, deixo meu agradecimento à vocês. E até o ano que vem!

“Vivernão é? — é muito perigoso. Porque ainda não se sabe. Porque aprender-a-viver é que é o viver mesmo.”  - Guimarães Rosa

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O salto (pt. 2)

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Quis buscar a infinitude dos céus e a plenitude do mar. Saltava rochedos e quebrava grilhões. Tocara a infinitude do ser e todo o esplendor da angústia do sentir. Descobriu na dor o seu maior prazer e no delírio, seu maior alimento. Lutava contra monstros que rangiam dentro da sua cabeça, se guiava pela luz das trevas e pelo som mudo. Calado era e assim estava, já não cabia mais, não se encaixava no existir. Era uma escolha pela vida ou uma opção pela morte.

O salto (pt. 1)

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De frente pro abismo, de costas pro medo, ele ouvia o silêncio e gritava o que é surdo. Caminhava por ruas quebradas construídas por cacos de sonhos que ele um dia se atreveu a ter. Caminhos desconhecidos conduziam-no para suas buscas irreais. Ele sangrava ódio e transpirava rancor. Não tinha mais sonhos, não acreditava, não sentia, ele apenas tinha - por ter, ele não era e por não ser, ele se atrevia a dar as costas. Dor, suor, abismo. Uma vida em apenas um salto.

domingo, 29 de agosto de 2010

The end

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Do eterno cárcere toda alma há de cansar e dos grilhões e espinhos que rasgam impiedosamente hei de recusar. Das barreiras perante o impossível o medo se rende, covarde. Por um passo no escuro e outros dados à clara imensidão do dia. Pelo que foi deixado no meio do caminho - que caminho? Percorrendo estradas sem direção rumo ao desconhecido. Um passo pelo seu suor, um sorriso por uma lágrima, o nada pelo seu sangue até você cair, chorar e se render. Um troféu pelas tuas derrotas, uma comemoração pelo teu fim.

Pais e filhos

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É difícil acordar todo dia e se ver rodeado de lixo, chega a ser patético como nada disso faz sentido. Essas linhas poderiam consertar tudo se os pilares de açúcar não estivessem derretendo? A música alta não machuca meus ouvidos tanto quanto as suas palavras estúpidas cuspidas ao acaso. E eu me pergunto: em que ponto da sua vida você se tornou assim? Em que momento você optou pelo errado? Por que tudo com você é sempre da forma mais complicada? Por que essa tendência ao erro? Você gosta de transpirar álcool e viver em vão mas, você tem alguma noção do quão errado isso é?

Agora aqui, deitado na minha cama, eu rezo para tudo ficar bem, mas nem eu mesmo estou. Eu espero que as crianças não acordem com todo esse barulho enquanto eu tento me segurar no que não existe para não ser tragado pelo buraco negro que se tornou a sua vida. E todo dia é assim, todas as noites são iguais. Eu abandonei a minha vida tentando salvar a sua, mas a única coisa que você faz é se destruir. Quer saber um segredo? Eu não ligo mais, apenas deixe as crianças em paz. Pelo menos uma vez faça o que é certo.

Madrugada adentro

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Toda madrugada alcançamos a perfeição em toda a sua incompreensão. Ao te conhecer, me pus por um fio, e troquei todas as certezas por um punhado de desvarios. Dei a medir o tempo pelos teus beijos e a contar estrelas pelo brilho dos teus olhos. Pouco a pouco tua vida se tornou a minha e agora meus passos são dados por tuas pernas. Após cada dia desafortunado eu sei que há de vir o anoitecer e então eu poderei voar no teu mar e nadar no teu céu. Brinquei de mal com o mundo e abandonei meu exército perante você. Se juntos somos um e sozinhos apenas almas solitárias, como hei de partir se o meu coração precisa do sangue das tuas veias? A cada entardecer dei pra sonhar e me perder em delírios, romper com o mundo e esperar pelo teu sorriso porque agora, esse sonho é a minha realidade. Toda madrugada te espero porque quando tu vens, apenas você tem o poder para me salvar.

domingo, 22 de agosto de 2010

E se?

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E se você desistir? Você irá se sentir melhor? Essa dor no seu coração finalmente cessará? Você acha que ficaria mais fácil? Calmo? Seguro? Se nada é do jeito que você quer, não será sua responsabilidade mudar o que não gosta? Será que a força que você procura não está em si mesmo? Será que a dor é tão grande que você realmente não pode suportar? Lá fora do seu quarto tem um mundo, e ele é maravilhoso, mas pode ser muito cruel também. Ele é exigente com todos os seus filhos.

Pare de se esconder debaixo do seu cobertor e tome a vida em suas mãos. Reinvente-se, crie, modifique. Destrua e faça de novo. Tudo igual. Tudo diferente. Depois mude de novo, de novo e de novo. Mude até não restar mais nada. Mude até você mudar de ideia. Mude até de fato a mudança acontecer. Você não é grande, pequeno, forte ou fraco, você é apenas uma pessoa no meio de tantas outras. Pode ser pouco mas acredite, você é mais do que suficiente e pode sim fazer toda a diferença. Apenas acredite - e nunca desista de tentar.

Sou

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Eu me alimento do efêmero, do fulgaz, do devir. Eu transbordo o vazio e encho-o de reais alucinações. Eu invoco o nada, transpiro o futuro e expurgo o passado. Em minhas retinas vê-se a avidez do que ainda está por vir.

Eu sou minha melhor companhia, meu melhor anjo e o meu próprio algoz. São meus passos que encontro ao lado dos meus. É o meu toque que encontro quando me abraço. Quando vou, o que resta e o que se vai é a mesma saudade em mim. Quando sou não é para ser, é para ter. Quando vou carrego o pesar de quem nunca gostaria de ter ido. Quando tenho, tu tens. Quando sou, tu és. Quando vou, tu vais. Enquanto eu morro, tu renasces.

Ao anoitecer

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Hoje ela acordou com vontade de levar sua vida para passear, mas o céu estava encoberto por uma estranha melancolia. Nenhuma das flores que ela regava com tanto empenho quis ver a luz do dia e hoje, nem o seu sorriso quis sair da toca. Resolveu banhar-se mas acabou se encobrindo de um lirismo lancinante. Não queria a melancolia, não queria o lirismo, não queria o lascivo. Buscava a tranquilidade de sua loucura como o sol beija o horizonte a cada entardecer. Quis ficar assim então: ela mesma. Sólida e atroz a qualquer mundo que possa existir lá fora. Só o que importava era o seu mundo. Era a imperatriz do seu reino de prata e nada poderia intervir. Fechou-se em copas e buscou pelo seu às de espadas, vermelho e destemido, bravo como Dartanhã, visionário como Dom Quixote. Ela corria e o vento girava cada vez mais rápido os moinhos de vento em sua cabeça. Quis sorrir e sorriu; quis chorar e chorou. E ao anoitecer caiu em um profundo sono. Novamente sonhava com o que tinha de melhor.

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Pensei por muito tempo sobre o que eu deveria fazer com o "desconsertando". 33 posts atrás eu iniciei uma jornada rumo ao que eu achava que sabia fazer - escrever. Sim, achava que sabia, porque depois de tentar colocar à prova o que eu era capaz, na maioria das vezes eu era reprovada por uma única pessoa: eu. Poderia enumerar milhares de motivos para o excesso de autocrítica mas em suma, se você não tiver um pouco de senso sobre o que faz, quem o terá? Mas aí alguém me disse uma vez que "o que não é bom pra você pode ser bom pra outra pessoa" e eu fiquei pensando nisso. De fato, se fosse contar quantos desses posts eu acho realmente bons e quantos as outras pessoas acham bons, veríamos uma clara diferença. Pensei em excluir, em parar, em largar o "vício" que mais em entorpece, mas ao pensar em deixar todas as palavras trancadas dentro de mim minha cabeça lateja em reprovação. É como se eu precisasse expô-las, como se elas necessitassem da luz do dia como qualquer um de nós precisa de ar em nossos pulmões. A ideia de simplesmente parar já é recorrente e toda a vez que ela ressurge eu sou açoitada por frases incongruentes e verbos defectivos. Eu não quero, mas elas precisam sair e já não cabe mais a mim julgá-las como boas ou ruins. Um filho é tão amado quanto possa ser e prometo que nunca mais irei preterí-los. A mim compete a função de dar-lhes à luz, ao mundo a de achar alguma utilidade para elas. E se pelo menos isso fizer a diferença na vida de uma pessoa sequer, já terei minha tarefa tida como paga.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Dreamer

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Eu quero a resposta para todas as perguntas, quero conhecer tudo aquilo que é chamado de desconhecido. Quero encontrar o encaixe de todas as peças e juntar o par de todas as meias. Quero sumir com todas as dores do mundo e desenhar com giz de cera um sorriso em cada rosto. Quero encontrar a ponta do durex e fazer o biscoito não cair com a manteiga pra baixo. Quero que todo o mar tenha onda e todo dia seja ensolarado. Quero terminar todas as guerras e curar todas as chagas. Quero preencher toda folha em branco com palavras de esperança e, aos corações desiludidos, com amor. Distribuir um abraço a cada pessoa solitária e união a todas as famílias. Quero dar abrigo sempre que chover e um par de Havaianas quando fizer muito sol. Quero que todos tenham muitos amigos e alguém para amar. Eu quero que todos amem, amem e sejam correspondidos. Eu quero flores no jardim e a certeza de um futuro melhor, porque de fato ele pode ser. Na verdade tudo pode ser, é só a gente não desistir de sonhar.

Sonho real

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Essa estrada é longa demais, possui meandros e bifurcações que apenas servem para confundir. Com a preocupação do destino e o cansaço da jornada adormeci e durante o sono me vi acordada. Só assim pude sonhar e apenas sonhando descobri o que é real. Vi a realidade escondida sob destroços de descrença e desespero. Nas ruínas pude contemplar a realidade abraçada com o sonho. Ele era lindo, colorido e despenteado. O sonho abraçou a realidade, tirou-a do caos e a levou para passear numa nuvem colorida. Eu não entendia - como poderia o sonho ser irmão da realidade? - e como não entendi, acreditei, e por acreditar voltei a ter fé em mim mesma. Gostei. Gostei tanto que me soltei dos grilhões e também fui brincar numa nuvem colorida e açucarada. Minha alma sorria e emanava cheiros e cores que todos conseguiam ver. Mas pelo meio do caminho tropecei em minhas próprias dúvidas e caí. Pedaços de questões não resolvidas puxavam a barra do meu vestido insistindo em ter uma solução. Interrogações emaranhavam-se pelos meus cabelos e gritavam tudo o que eu não tinha resposta. Cada vez que escorregava e adentrava no abismo do desconhecido eu era atacada por frases sem sujeito, diretos sem objetos, paráfrases sem donos e ironias sem humor. Caí, mas ao cair descobri que poderia voar e ao ruflar minhas asas consegui apartar para longe pequenos fragmentos de tristeza que corriam atrás de mim. Pousei e quando prostrei meus pés no chão me senti ainda mais no céu. Tocando o possível eu senti, desejei e possuí o intangível. Em meio a calmaria vi sair por dentre os arbustos os dois irmãos, agora ambos sorrindo. Eles me tomaram pela mão e me mostraram o caminho de volta, que eu segui sem saber se era sonho ou realidade. Coloquei a mão no bolso e encontrei pedaços multicoloridos de nuvens e então sorri contente. Finalmente havia parado de cair, voar é bem melhor.



sexta-feira, 2 de abril de 2010

Quase

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Durante uma daquelas conversas constrangedoras:

- E então amor, foi bom pra você?

(Ele quer a verdade ou quer ter o ego inflado?)

- Err, foi... satisfatório.
- SATISFATÓRIO? COMO ASSIM?
- Ah, foi bom. Você é quase tão bom quanto chocolate.
- QUASE?
- Relaxa querido, ninguém é perfeito.


Olhos nos olhos

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Pela primeira vez ela pudera ver através daqueles olhos. Por um instante eles tiveram uma conversa sincera para ambos. Sem segredos, sem jogos, sem dúvidas, apenas os dois e tudo o que eles insistiam em negar. Pela primeira vez ele sentia transbordar de seu coração um sentimento quente e intenso. Pela primeira vez ela pode tocar a alma dele. E ambos gostaram do que viram.

sábado, 6 de março de 2010

Lembranças

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Eu lembro de tudo. Foi intenso, mágico, quase surreal. Posso recordar o brilho dos teus olhos e toda a verdade que insistes em negar com palavras. Elas não nos são mais necessárias pois juntos, cada fibra do nosso corpo se mantém conectada. Palavras são inúteis, mas ainda sim insistimos em usá-las. E em meio ao maior momento de prazer surge, quase que simultaneamente, o balbuciar da mesma frase: "Eu te amo!".

Cada músculo cansado repousa um sobre o outro enquanto você me olha com uma cumplicidade, quase infantil, de quem sabe que fez uma travessura. Olhares trocados, palavras guardadas, tato, suor, pele, saliva, alma. Ah, alma! Quem dera ter mais alma para dar! De alguma forma você conseguiu me libertar da dor e agora, só ao seu lado consigo ser eu mesma.

Em meio a um rompante surge um som incômodo que me faz revirar na cama. Olho pro lado e vejo o vazio, frio e surge um gosto amargo de fel nos lábios. Hoje eu acordei sentindo falta. Eu lembro de tudo. Foi intenso, mágico, quase surreal. Pena que não aconteceu.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Vida

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Todo dia eu espero por um abraço, uma mão amiga ou um apoio.
Todo dia antes de dormir olho um pouco para a porta e para a janela do meu quarto.
Para a porta esperando alguém entrar, para a janela desejando sair.
Não há maior tortura do que viver esperando por algo que nunca se teve, aguardar o desconhecido.
Não há nada mais desesperador do que sua vida estar "em modo de espera", apenas aguardando alguém apertar o play.
Todo dia é a mesma coisa.
Espero pelo apoio que nunca recebo, a ligação que nunca atendi, as flores que nunca ganhei, as discussões que nunca tive.
Quero ansiosamente sentir o que nunca senti, sofrer o que eu nunca sofri, amar o que eu nunca amei.
Viver.

O guerreiro e a armadura

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Cada lágrima que nos recusamos a derramar sempre volta. Sempre. Cada dor que insistimos em abstrair acaba ganhando cada vez mais força. Somos moldados a não acreditar no mundo e a esperar sempre o pior das pessoas. Crescemos ouvindo as trombetas da glória eterna ressoarem e os anjos entoarem os mesmos cânticos: "pessoas fortes não choram, não tenha sentimentos, isso só te torna fraco!". Os sentimentos nos tornam fracos mas nos transformam em humanos.

Algumas pessoas a cada manhã sobem num pedestal e se revestem com a armadura do ouro mais reluzente que puderem encontrar. No fim do dia entretanto, esquecem de se despir da fortaleza e recuperar a humanidade. Desaprendem a chorar, perdem a capacidade de pedir ajuda. São criados para serem soldados de infantaria: bravos, fortes, auto-suficientes. E no fim no dia, no fim da batalha, quando repousarem em seu leito, só restará o ouro da armadura porque a alma, a real essência foi perdida há tempos.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Procure

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Procure por alguém.
Procure por uma pessoa que seja importante, alguém que realmente valha à pena.
Procure por aquele que irá conseguir lhe arrancar um sorriso quando você mais estiver sofrendo.
Procure por alguém que você possa ligar às duas da manhã e conversar como se fosse meio-dia.
Procure por alguém que não te julgue, apesar de algumas vezes não concordar com suas atitudes.
Não procure pelo igual, mas sim pelo diferente. O igual irá passar a mão na sua cabeça. O diferente lhe dará um tapa no rosto, mas será somente porque te ama.
Procure pelo companherismo incondicional, aquela pessoa que, quando você precisar, fará qualquer coisa para lhe ajudar.
Procure não somente no sorriso e na alegria, mas principalmente entre as lágrimas e em meio a toda dor.
Procure pelo abraço, pelo carinho, pela compreensão, pelo apoio, e pelas críticas.
Procure pelo amor.

Algumas pessoas passam a vida inteira procurando uma única pessoa. Seu amor, sua alma-gêmea, aquela que irá lhe apoiar em tudo. Alguns conseguem encontrar essa pessoa tão esperada, outros infelizmente não tem o mesmo destino. E alguns outros mais sortudos conseguem encontrar um punhado dessas pessoas, aquelas que sempre estiveram ao seu lado, aqueles que você simplesmente pode chamar de amigos.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Homens não choram

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Estava chovendo mais do que João jamais tivesse visto na vida e, de certa forma, ele sabia que era por sua causa. Por apenas um momento ele sentiu que a natureza estava sendo cúmplice da sua dor. Talvez cada gota de chuva que rolava pelo asfalto fosse na verdade uma lágrima escondida no coração do garoto que cresceu para ser forte. Mas o que era ser forte? João sequer detinha controle da sua vida, quem dirá de seus sentimentos. Cresceu ouvindo seu pai fazendo planos para um futuro grandioso e repetindo sempre as mesmas frases: "Filho, homens não choram", "Não seja um fraco que se deixa levar por qualquer coisa", "Passe por cima de quem for para conseguir o que quer". João não sabia o que nada daquilo significava e agora, pela primeira vez sem ter seu pai para lhe dizer o que fazer, também não sabia o que sentir. Apenas tinha certeza de uma coisa: Homens não choram. Mas hoje, cada gota de chuva que rolava no asfalto parecia uma lágrima. E talvez realmente fosse.


domingo, 17 de janeiro de 2010

No fim do dia

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Ao final de cada dia analise tudo o que você fez, tudo o que viveu e idealizou. Você foi atrás do que realmente te faz feliz? Lutou verdadeiramente por isso? Fez tudo o que podia para ver seu sonho fora do papel? Ou se achou fraco demais para merecer algo grandioso e preferiu continuar se sentindo incompleto?

Durante todo seu dia você enfrentou algo que de fato lhe deixasse assustado? Enfrentou seu medo mais mortal de frente? Ou preferiu recuar achando que "hoje não era o seu dia"? Você aproveitou alguma oportunidade irrecusável ou estava tão preocupado com banalidades que a deixou escapar? Ou pior, nem sequer estava preparado para ela?

Já lutou por um ideal? Defendeu uma ideia? Superou algum limite? Analise o dia de hoje e veja quão recompensador ele foi pra você, mas se por acaso você não fez nada disso não tem problema. Se pelo menos uma vez durante o dia você conseguiu fitar os olhos de alguém e, com total sinceridade disse "eu te amo", então meu amigo, o seu dia valeu muito à pena.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Quando eu crescer...

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Eu já quis ser astronauta, bióloga, policial, cineasta, desenhista, jornalista, veterinária, bombeira, advogada, publicitária ... já quis fazer muita coisa e nenhuma delas com ligação alguma (rs!). Seria um tanto normal se eu não tivesse descoberto que não tenho talento para nenhuma dessas coisas e, na verdade, para nada!

Enfim, me vi em uma encruzilhada onde simplesmente não conseguia me enquadrar em campo algum, nem mesmo no que eu estava me propondo a fazer (a bendita publicidade!) então, o que eu poderia fazer? Ora, o mais óbvio: algo cansativo, monótono e repetitivo que me desse uma aposentadoria em 35 ou 40 anos (se até lá a Previdência não falir de vez); algo que se algum dia simplesmente parasse de ser feito, ninguém iria notar a diferença. Nunca tive muitas certezas na vida, e pra ser sincera nem corro atrás delas, mas se tem uma coisa que eu gostaria de fazer era ajudar as pessoas com meu trabalho, da forma que fosse. Mas qual seria meu trabalho? Eu não sei fazer nada e simplesmente ter ideias não se caracteriza como uma profissão.

Minha pretensão nunca foi enganar ou manipular as pessoas, mas na verdade relembrá-las de algo que a muito tempo todos esqueceram, incluindo você. Sabe aqueles sentimentos que você tinha quando era criança, tipo "uau! estou vendo isso pela primeira vez na vida!"? É mais ou menos por aí, é esse espanto, a sensação de ver ou sentir algo pela primeira vez, é aquela tenra inocência, a lágrima que escapa quando achávamos que o herói do nosso desenho favorito tinha morrido e no episódio seguinte lá estava ele são e salvo. É a sensação de acordar no meio da noite e correr para a cama dos pais. O primeiro banho de chuva, o primeiro beijo na chuva, o primeiro amor, a primeira... (rs!). Ir ao show da sua banda favorita. O pôr-do-sol ao lado de alguém especial. Aquele banho quente depois de um dia de trabalho cansativo, correr descalço ou pegar manga do pé. São pequenas coisas, mínimos gestos ou situações que simplesmente deixamos de passar por estarmos ligados no piloto automático. É o deixar-se surpreender pelas coisas do dia-a-dia.

As pessoas simplesmente esqueceram o que é o amor e precisam de alguém que as guie pelo caminho de volta - sim, ainda há retorno! Hoje ninguém mais sabe o que é ter um sentimento completamente desprendido de segundas intenções. Nós nos esquecemos de como é bom ver mundo através dos olhos de uma criança. Nos falta fantasia. Nos falta emoção. Nos falta fé. Esquecemos quão bom é acreditar, seja em Deus, no amor, nas pessoas ou até em você mesmo. Esquecemos do nosso poder, não de manipular, mas de mudar de fato o mundo, fazer dele um lugar melhor. Eu também havia perdido essa fé e recuperei da forma mais simples possível: abrindo o coração. Depois disso eu descobri que talvez minha missão não seja simplesmente ter ideias, isso com algum esforço todos podem ser, mas descobri que talvez eu possa resgatar dentro de cada um aquela esperança perdida que está aguardando um único momento para resplandescer novamente. Não posso garantir que funcione, que vai dar certo ou se conseguirei, isso aí é outra história, mas eu prometo tentar. Ah, isso eu juro! Considerem como um prefácio.