Essa estrada é longa demais, possui meandros e bifurcações que apenas servem para confundir. Com a preocupação do destino e o cansaço da jornada adormeci e durante o sono me vi acordada. Só assim pude sonhar e apenas sonhando descobri o que é real. Vi a realidade escondida sob destroços de descrença e desespero. Nas ruínas pude contemplar a realidade abraçada com o sonho. Ele era lindo, colorido e despenteado. O sonho abraçou a realidade, tirou-a do caos e a levou para passear numa nuvem colorida. Eu não entendia - como poderia o sonho ser irmão da realidade? - e como não entendi, acreditei, e por acreditar voltei a ter fé em mim mesma. Gostei. Gostei tanto que me soltei dos grilhões e também fui brincar numa nuvem colorida e açucarada. Minha alma sorria e emanava cheiros e cores que todos conseguiam ver. Mas pelo meio do caminho tropecei em minhas próprias dúvidas e caí. Pedaços de questões não resolvidas puxavam a barra do meu vestido insistindo em ter uma solução. Interrogações emaranhavam-se pelos meus cabelos e gritavam tudo o que eu não tinha resposta. Cada vez que escorregava e adentrava no abismo do desconhecido eu era atacada por frases sem sujeito, diretos sem objetos, paráfrases sem donos e ironias sem humor. Caí, mas ao cair descobri que poderia voar e ao ruflar minhas asas consegui apartar para longe pequenos fragmentos de tristeza que corriam atrás de mim. Pousei e quando prostrei meus pés no chão me senti ainda mais no céu. Tocando o possível eu senti, desejei e possuí o intangível. Em meio a calmaria vi sair por dentre os arbustos os dois irmãos, agora ambos sorrindo. Eles me tomaram pela mão e me mostraram o caminho de volta, que eu segui sem saber se era sonho ou realidade. Coloquei a mão no bolso e encontrei pedaços multicoloridos de nuvens e então sorri contente. Finalmente havia parado de cair, voar é bem melhor.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
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