terça-feira, 12 de outubro de 2010

O salto (pt. 2)

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Quis buscar a infinitude dos céus e a plenitude do mar. Saltava rochedos e quebrava grilhões. Tocara a infinitude do ser e todo o esplendor da angústia do sentir. Descobriu na dor o seu maior prazer e no delírio, seu maior alimento. Lutava contra monstros que rangiam dentro da sua cabeça, se guiava pela luz das trevas e pelo som mudo. Calado era e assim estava, já não cabia mais, não se encaixava no existir. Era uma escolha pela vida ou uma opção pela morte.

O salto (pt. 1)

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De frente pro abismo, de costas pro medo, ele ouvia o silêncio e gritava o que é surdo. Caminhava por ruas quebradas construídas por cacos de sonhos que ele um dia se atreveu a ter. Caminhos desconhecidos conduziam-no para suas buscas irreais. Ele sangrava ódio e transpirava rancor. Não tinha mais sonhos, não acreditava, não sentia, ele apenas tinha - por ter, ele não era e por não ser, ele se atrevia a dar as costas. Dor, suor, abismo. Uma vida em apenas um salto.