domingo, 3 de janeiro de 2010

Quando eu crescer...

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Eu já quis ser astronauta, bióloga, policial, cineasta, desenhista, jornalista, veterinária, bombeira, advogada, publicitária ... já quis fazer muita coisa e nenhuma delas com ligação alguma (rs!). Seria um tanto normal se eu não tivesse descoberto que não tenho talento para nenhuma dessas coisas e, na verdade, para nada!

Enfim, me vi em uma encruzilhada onde simplesmente não conseguia me enquadrar em campo algum, nem mesmo no que eu estava me propondo a fazer (a bendita publicidade!) então, o que eu poderia fazer? Ora, o mais óbvio: algo cansativo, monótono e repetitivo que me desse uma aposentadoria em 35 ou 40 anos (se até lá a Previdência não falir de vez); algo que se algum dia simplesmente parasse de ser feito, ninguém iria notar a diferença. Nunca tive muitas certezas na vida, e pra ser sincera nem corro atrás delas, mas se tem uma coisa que eu gostaria de fazer era ajudar as pessoas com meu trabalho, da forma que fosse. Mas qual seria meu trabalho? Eu não sei fazer nada e simplesmente ter ideias não se caracteriza como uma profissão.

Minha pretensão nunca foi enganar ou manipular as pessoas, mas na verdade relembrá-las de algo que a muito tempo todos esqueceram, incluindo você. Sabe aqueles sentimentos que você tinha quando era criança, tipo "uau! estou vendo isso pela primeira vez na vida!"? É mais ou menos por aí, é esse espanto, a sensação de ver ou sentir algo pela primeira vez, é aquela tenra inocência, a lágrima que escapa quando achávamos que o herói do nosso desenho favorito tinha morrido e no episódio seguinte lá estava ele são e salvo. É a sensação de acordar no meio da noite e correr para a cama dos pais. O primeiro banho de chuva, o primeiro beijo na chuva, o primeiro amor, a primeira... (rs!). Ir ao show da sua banda favorita. O pôr-do-sol ao lado de alguém especial. Aquele banho quente depois de um dia de trabalho cansativo, correr descalço ou pegar manga do pé. São pequenas coisas, mínimos gestos ou situações que simplesmente deixamos de passar por estarmos ligados no piloto automático. É o deixar-se surpreender pelas coisas do dia-a-dia.

As pessoas simplesmente esqueceram o que é o amor e precisam de alguém que as guie pelo caminho de volta - sim, ainda há retorno! Hoje ninguém mais sabe o que é ter um sentimento completamente desprendido de segundas intenções. Nós nos esquecemos de como é bom ver mundo através dos olhos de uma criança. Nos falta fantasia. Nos falta emoção. Nos falta fé. Esquecemos quão bom é acreditar, seja em Deus, no amor, nas pessoas ou até em você mesmo. Esquecemos do nosso poder, não de manipular, mas de mudar de fato o mundo, fazer dele um lugar melhor. Eu também havia perdido essa fé e recuperei da forma mais simples possível: abrindo o coração. Depois disso eu descobri que talvez minha missão não seja simplesmente ter ideias, isso com algum esforço todos podem ser, mas descobri que talvez eu possa resgatar dentro de cada um aquela esperança perdida que está aguardando um único momento para resplandescer novamente. Não posso garantir que funcione, que vai dar certo ou se conseguirei, isso aí é outra história, mas eu prometo tentar. Ah, isso eu juro! Considerem como um prefácio.