sexta-feira, 5 de março de 2010

Vida

5 ficaram (des) consertados

Todo dia eu espero por um abraço, uma mão amiga ou um apoio.
Todo dia antes de dormir olho um pouco para a porta e para a janela do meu quarto.
Para a porta esperando alguém entrar, para a janela desejando sair.
Não há maior tortura do que viver esperando por algo que nunca se teve, aguardar o desconhecido.
Não há nada mais desesperador do que sua vida estar "em modo de espera", apenas aguardando alguém apertar o play.
Todo dia é a mesma coisa.
Espero pelo apoio que nunca recebo, a ligação que nunca atendi, as flores que nunca ganhei, as discussões que nunca tive.
Quero ansiosamente sentir o que nunca senti, sofrer o que eu nunca sofri, amar o que eu nunca amei.
Viver.

O guerreiro e a armadura

3 ficaram (des) consertados
Cada lágrima que nos recusamos a derramar sempre volta. Sempre. Cada dor que insistimos em abstrair acaba ganhando cada vez mais força. Somos moldados a não acreditar no mundo e a esperar sempre o pior das pessoas. Crescemos ouvindo as trombetas da glória eterna ressoarem e os anjos entoarem os mesmos cânticos: "pessoas fortes não choram, não tenha sentimentos, isso só te torna fraco!". Os sentimentos nos tornam fracos mas nos transformam em humanos.

Algumas pessoas a cada manhã sobem num pedestal e se revestem com a armadura do ouro mais reluzente que puderem encontrar. No fim do dia entretanto, esquecem de se despir da fortaleza e recuperar a humanidade. Desaprendem a chorar, perdem a capacidade de pedir ajuda. São criados para serem soldados de infantaria: bravos, fortes, auto-suficientes. E no fim no dia, no fim da batalha, quando repousarem em seu leito, só restará o ouro da armadura porque a alma, a real essência foi perdida há tempos.