segunda-feira, 22 de junho de 2009

Música pra ouvir no celular

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Dia desses estava com algumas amigas conversando sobre trivialidades quando uma delas pegou meu celular pra fazer uma ligação e, logo após começou a mexer nele.

- Tem música?
- Algumas, só não sei se você vai gostar.
- Deixa eu ver então.

Continuamos o papo de forma quando, de repente, minha amiga grita:

- Você ainda ouve Legião Urbana?!?!?

(Pra entender a surpresa dela é preciso de uma informação importante: eu sou fã da Legião Urbana desde que me entendo por gente - a única criança da minha sala que cantarolava "Será" na hora do recreio - desculpa, sempre tive bom gosto.)

- Ué, qual a surpresa?
- Eu não te vejo tem uns 10 anos e você ainda ouve a mesma coisa? Não enjoa?

(Era um reencontro de veeeeelhos amigos de escola.)

- Eu canso é de ouvir as bandas de hoje, sem conteúdo, com uma melodia grudenta e que ainda fazem prancha no cabelo!
- Caraca, mas tem quase 10 anos!
- Pra ver como algumas coisas não mudam nunca.

Em meio ao inconformismo da minha amiga, uma outra se juntou à conversa.

- Sabe qual era o diferencial deles? Eles tinham letra. Não é só uma música pra dançar, é música pra pensar também. Se o Renato estivesse vivo, faria mais sucesso do que todas essas bandinhas juntas.
- Ah, pra mim é música velha!

(Nesse momento esqueci a amizade e tive vontade de matá-la, juro, mas consegui me conter.)

- Música velha? Tá doida? São clássicos atemporais que, mesmo tendo sido escritos sei lá quando, ainda se enquadram na nossa realidade.
- Tá bom, tá bom, desculpa, é que isso também não é música pra carregar no celular.
- E o que que eu tenho que colocar no celular pra ouvir?
- Sei lá, alguma coisa mais animada.
- Desculpa, na próxima eu coloco o cd do Mc Créu.


Depois dessa breve discussão sobre meu gosto musical e que música deve entrar no repertório de um celular eu fiquei pensando no que minha amiga intrujona disse: "Imagina se o Renato estivesse vivo?". Eu adoro rock nacional, sou suspeitíssima pra falar. Capital Inicial, Titãs, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso... mas a minha preferência sempre foi Legião. Por quê? Sei lá, mas quando ouço aquela voz cantando "Há tempos que os jovens adoecem, e há tempos que o encanto está ausente, e há ferrugem nos sorrisos...", me dá um frio na espinha. É uma identificação muito forte e uma adequação com a realidade quase absurda. Quem ao ouvir o refrão de "Que país é esse?" não tem o súbito impulso de gritar "É porra do Brasil!"? Ou quem não se sente um imbecil pela própria passividade quando ouve "Perfeição"? É inegável, Renato tinha (e ainda tem) o poder de despertar sentimentos quaisquer que sejam. Da alegria extrema à profunda melancolia. Amor, revolta, ódio, compaixão, inconformismo... os melhores e os piores sentimentos são incutidos em nossa alma através de canções singulares. Ouvir Legião é um momento de catarse, como se fosse possível expurgar os próprios pecados, conseguir alívio pra alma e alcançar a redenção. É por isso e por outros motivos que Urban Legio Omnia Vincit!!



Um momento

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Algumas vezes a gente é tentado a esperar o momento certo.

- Quero esperar mais um pouco pra arrumar um emprego melhor.
- Vou esperar até minha vida se ajeitar.
- Espera a poeira baixar que é melhor.

Esperar, aguardar... e se nada disso chegar a acontecer? E se no meio do caminho os planos mudarem? Algumas pessoas esperam o futuro pra viver o presente, mas e se o futuro não vier? Ou se ele vier de outra forma que não é aquela que esperávamos? E se um meteoro cair na Terra e o mundo acabar?

A incerteza que ronda o futuro não deve pairar em nosso presente. O presente é agora, é um instante, uma lágrima, um beijo ou um adeus. O presente é real, palpável e tangível, ele é um momento que antes, que percebamos, vira passado. Pode ser uma lembrança sensacional ou nos trazer o gosto amargo de fel aos lábios. Está em suas mãos. O presente é um momento, pode ser mágico ou trágico, a maneira como o encaramos é o que determina tudo.