sábado, 23 de janeiro de 2010

Homens não choram

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Estava chovendo mais do que João jamais tivesse visto na vida e, de certa forma, ele sabia que era por sua causa. Por apenas um momento ele sentiu que a natureza estava sendo cúmplice da sua dor. Talvez cada gota de chuva que rolava pelo asfalto fosse na verdade uma lágrima escondida no coração do garoto que cresceu para ser forte. Mas o que era ser forte? João sequer detinha controle da sua vida, quem dirá de seus sentimentos. Cresceu ouvindo seu pai fazendo planos para um futuro grandioso e repetindo sempre as mesmas frases: "Filho, homens não choram", "Não seja um fraco que se deixa levar por qualquer coisa", "Passe por cima de quem for para conseguir o que quer". João não sabia o que nada daquilo significava e agora, pela primeira vez sem ter seu pai para lhe dizer o que fazer, também não sabia o que sentir. Apenas tinha certeza de uma coisa: Homens não choram. Mas hoje, cada gota de chuva que rolava no asfalto parecia uma lágrima. E talvez realmente fosse.


domingo, 17 de janeiro de 2010

No fim do dia

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Ao final de cada dia analise tudo o que você fez, tudo o que viveu e idealizou. Você foi atrás do que realmente te faz feliz? Lutou verdadeiramente por isso? Fez tudo o que podia para ver seu sonho fora do papel? Ou se achou fraco demais para merecer algo grandioso e preferiu continuar se sentindo incompleto?

Durante todo seu dia você enfrentou algo que de fato lhe deixasse assustado? Enfrentou seu medo mais mortal de frente? Ou preferiu recuar achando que "hoje não era o seu dia"? Você aproveitou alguma oportunidade irrecusável ou estava tão preocupado com banalidades que a deixou escapar? Ou pior, nem sequer estava preparado para ela?

Já lutou por um ideal? Defendeu uma ideia? Superou algum limite? Analise o dia de hoje e veja quão recompensador ele foi pra você, mas se por acaso você não fez nada disso não tem problema. Se pelo menos uma vez durante o dia você conseguiu fitar os olhos de alguém e, com total sinceridade disse "eu te amo", então meu amigo, o seu dia valeu muito à pena.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Quando eu crescer...

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Eu já quis ser astronauta, bióloga, policial, cineasta, desenhista, jornalista, veterinária, bombeira, advogada, publicitária ... já quis fazer muita coisa e nenhuma delas com ligação alguma (rs!). Seria um tanto normal se eu não tivesse descoberto que não tenho talento para nenhuma dessas coisas e, na verdade, para nada!

Enfim, me vi em uma encruzilhada onde simplesmente não conseguia me enquadrar em campo algum, nem mesmo no que eu estava me propondo a fazer (a bendita publicidade!) então, o que eu poderia fazer? Ora, o mais óbvio: algo cansativo, monótono e repetitivo que me desse uma aposentadoria em 35 ou 40 anos (se até lá a Previdência não falir de vez); algo que se algum dia simplesmente parasse de ser feito, ninguém iria notar a diferença. Nunca tive muitas certezas na vida, e pra ser sincera nem corro atrás delas, mas se tem uma coisa que eu gostaria de fazer era ajudar as pessoas com meu trabalho, da forma que fosse. Mas qual seria meu trabalho? Eu não sei fazer nada e simplesmente ter ideias não se caracteriza como uma profissão.

Minha pretensão nunca foi enganar ou manipular as pessoas, mas na verdade relembrá-las de algo que a muito tempo todos esqueceram, incluindo você. Sabe aqueles sentimentos que você tinha quando era criança, tipo "uau! estou vendo isso pela primeira vez na vida!"? É mais ou menos por aí, é esse espanto, a sensação de ver ou sentir algo pela primeira vez, é aquela tenra inocência, a lágrima que escapa quando achávamos que o herói do nosso desenho favorito tinha morrido e no episódio seguinte lá estava ele são e salvo. É a sensação de acordar no meio da noite e correr para a cama dos pais. O primeiro banho de chuva, o primeiro beijo na chuva, o primeiro amor, a primeira... (rs!). Ir ao show da sua banda favorita. O pôr-do-sol ao lado de alguém especial. Aquele banho quente depois de um dia de trabalho cansativo, correr descalço ou pegar manga do pé. São pequenas coisas, mínimos gestos ou situações que simplesmente deixamos de passar por estarmos ligados no piloto automático. É o deixar-se surpreender pelas coisas do dia-a-dia.

As pessoas simplesmente esqueceram o que é o amor e precisam de alguém que as guie pelo caminho de volta - sim, ainda há retorno! Hoje ninguém mais sabe o que é ter um sentimento completamente desprendido de segundas intenções. Nós nos esquecemos de como é bom ver mundo através dos olhos de uma criança. Nos falta fantasia. Nos falta emoção. Nos falta fé. Esquecemos quão bom é acreditar, seja em Deus, no amor, nas pessoas ou até em você mesmo. Esquecemos do nosso poder, não de manipular, mas de mudar de fato o mundo, fazer dele um lugar melhor. Eu também havia perdido essa fé e recuperei da forma mais simples possível: abrindo o coração. Depois disso eu descobri que talvez minha missão não seja simplesmente ter ideias, isso com algum esforço todos podem ser, mas descobri que talvez eu possa resgatar dentro de cada um aquela esperança perdida que está aguardando um único momento para resplandescer novamente. Não posso garantir que funcione, que vai dar certo ou se conseguirei, isso aí é outra história, mas eu prometo tentar. Ah, isso eu juro! Considerem como um prefácio.