quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Love me

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Escrito originalmente no dia 02 de setembro de 2012, às 04:03 da manhã.



Me ame uma, duas, três vezes.

Me ame às quatro da manhã e às duas da tarde com o mesmo ardor.
Me ame até suar, me ame até desidratar.
Me ame forte, veloz ou suave.
Ame mesmo me odiando, só pelo costume de amar; e quando você enjoar, me ame até o pôr do sol ou o nascer do outro dia.
Me ame até faltar amor, me ame até eu não precisar de amor, me ame porque eu sei que a sua vocação é amar.
Me ame até ralar, até sangrar, até gozar.
Goze comigo, ame comigo, seja comigo.
Me ame além de um amigo, até a voz falhar, o coração parar, até tudo na vida acabar.
Me ame cinco, vinte e cinco, quinhentos e vinte e cinco vezes e só então me ame mais e mais, porque é aí que eu vou precisar.
Me ame, me ame até eu acreditar.



sábado, 17 de novembro de 2012

1011 palavras de adeus

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"And the hardest part was letting go not taking part, was the hardest part..."
The Hardest Part - Coldplay



Querido, eu preciso te contar uma coisa. E é dessas coisas que a gente fala com um nó atado na garganta e com o coração em desalinho. Amor é coisa séria, por isso preciso te dizer. Porque nada pode ser mais leviano do que ser vil com o sentimento alheio.

Sabe, pra começar eu nem sei por onde começar – porque eu não sei como sinto. E como se explica milhares de coisas inexplicáveis? Sorrir é um verbo que só aprendi a conjugar depois de olhar nos teus olhos. Não há adjetivo ou substantivo que possa se igualar. É falta de léxico.

Falta de prumo, falta de rima, milhares de incertezas. Você me ensinou tanta coisa que fico sem jeito de não saber agradecer. Mais do que coisas, você me ensinou sobre mim. Estranha essa minha mania de dormir meio torta, né? Ou de beber água no gargalo da garrafa. Ou essa coisa de sempre ter uma sacada ácida. E você nem liga. Tem gente que não entende sarcasmo, mas você não liga. Eu faço pra provocar mesmo e, porra, você não dá a mínima! Acabei me tornando agridoce.

Aprendi a baixar a bola. A ver que o mundo não está contra mim. Pelo contrário, ele tá até torcendo um pouquinho por mim. Talvez tenha ficado cansado de ver eu me foder – ou só ficado com pena, quem vai saber? Aprendi responsabilidades que nenhum garoto poderia me ensinar. Até porque isso é coisa de homem, não de menino. Homem daqueles que não precisa fazer joguinhos fingindo que vai desaparecer, só pra te deixar insegura. Até porque insegurança mulher tem de sobra. Homem de verdade não precisa fazer essas coisas. Eles aparecem quando querem e vão embora quando precisam. Não há regras porque não há jogos. É verdadeiro, mesmo que seja no reino da fantasia.

E hoje eu tô aqui sentindo o seu cheiro na minha cama tentando entender como ele foi parar ali. Ele deve ter pulado em mim no meio daquele último beijo na cozinha, pegou uma carona do meu ombro e agora repousa no meu travesseiro. Saudades daquele beijo meio roubado, meio cedido. Saudades da sua barba de final de semana que só me visita domingo à noite, porque toda a segunda ela se despede e deixa em mim uma daquelas vontades inconfessáveis.

E quer saber? Metade dos meus sentimentos por você são inconfessáveis e a outra metade inafiançáveis. Deveria ser ilegal despertar tanta paixão. Se isso fosse amor, seria considerado imoral. Mas pro amor falta só um pulo e eu fico aqui dando passos pra trás quando deveria me jogar para frente. Ai já não dá.

Você entrou em terreno proibido e eu nem sei como conseguiu a chave dessa masmorra. O que eu quero mostrar é exatamente essa bagunça que eu sou e que você virou parte um pouquinho. O que eu quero é que você entenda que a culpa é minha, não sua. Porque quando eu precisei de espaço, você me deu o céu e, mesmo sem saber pra onde ir, eu sei que você saberia me guiar.

Mas o problema de verdade é tudo o que está desarrumado. E aqui dentro é um caos, talvez já tenha dado pra perceber. Tem dias que não tem lugar nem pra mim mesma. Tenho que ficar brigando com todos os meus pedaços para que o meu inteiro tenha um espacinho. E nossa, acho que nem lembro mais como é ser inteiro. Por inteiro.

Você sabe que eu nunca quis te magoar, né? Já engoli meu orgulho uma vez e talvez por você eu pudesse fazer de novo. Só por você. Só mais uma vez. O problema é tudo o que a gente joga pra debaixo do tapete achando que nunca teremos visita em casa. E aí do nada aparece alguém que entra pela janela e já senta colocando os pés no sofá. Não dá.

O problema é tentar curar fratura exposta com band-aid. Ferida não sara sem remédio. E eu nem sei ainda qual é a minha cura, mas tô disposta a descobrir. Só que isso vai ser uma viagem longa, mais louca do que tomar ácido. Na verdade vai ser como jogar ácido no peito. E puts, vai doer. Talvez eu ache que não vá suportar, mas vai ser pela última vez. TEM que ser pela última vez. Sabe, já passou da hora de expurgar isso. Catarse pra mim é estado de espírito, mas até os fantasmas merecem descansar.

O caminho será longo e eu não posso pedir que você venha comigo. Na verdade é exatamente o contrário. Tô pedindo que você desça e troque o rumo da estrada. E por Deus, nunca pedi algo tão sério assim! Eu sei que isso vai fazer doer ainda mais, mas eu sou assim mesmo. Preciso fugir pra me remendar. Tem tanta vida vazando que parece uma inundação. E sou eu que estou indo embora escorrendo pelo meus próprios dedos.

Promete que não vai me odiar? Espero que nenhuma parte do seu corpo sinta raiva de mim, principalmente aquelas que eu mais amo. Guarda aquela camisa sua que eu gosto e acabou ficando com o meu cheiro. Não pinta as paredes do seu quarto de gelo. Gelo nem é uma cor, é um estado físico da matéria. Deixa assim do jeito que tá, combina com seu sorriso meio inocente, meio sacana. Se der saudade de verdade, dessas que aperta o peito, coloca aquela música do Debussy e ouve comendo sorvete de flocos com cobertura de morango. Você vai ficar bem, querido. Eu prometo. Agora eu tenho que ir. Me desculpa por tudo, mas meu peito é de aço e em alguma parte do caminho desaprendeu a amar. Seu amor aqui viveria em cativeiro, então prefiro deixá-lo livre.

Mas respondendo sua pergunta: talvez eu pudesse te amar, mas preciso suturar meu coração primeiro. Talvez eu já te ame, mas isso eu nunca vou saber. Acho que o aço do meu peito tá enferrujando. O que tem aqui por baixo é mais do que eu. E será sempre um pouquinho seu.


Beijos,
S.

sábado, 1 de setembro de 2012

Dos pedidos de socorro que não ouvimos

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Hoje poderia ter sido um daqueles dias que não têm nada de especial  porque não são mesmo  mas como diria Drummond "...no meio do caminho tinha uma pedra..." e eu acho que tacaram ela bem no meio da minha testa. Na verdade foi um dia comum, desses que você toma um café comum, come um almoço banal e vai pra casa num ônibus qualquer. Bem, era esse ônibus que eu estava esperando quando recebi a tal pedrada.

Enquanto eu esperava o ônibus num ponto mais vazio do que ele costumava ser, passando mais frio do que costumava passar, eu devaneava enquanto ouvia música no iPod e observava carros, motos e outros ônibus passarem apressados como se estivessem atrasados para o chá com a rainha. Enquanto divagava alguém se aproximou e, sem encostar em mim, fez menção de que queria dizer alguma coisa (ou melhor, já estava dizendo). Dei um passo por puro reflexo  me afastando do interlocutor  e tirei os fones de ouvido para tentar entender o que ele dizia. Parecia pedir algo e eu, num gesto automático, fiz um sinal em negativa com a cabeça. O homem emudeceu e foi embora.

Eu continuei parada do jeito que estava e foquei minha atenção novamente nos carros, motos e ônibus que passavam. Quando coloquei os fones no ouvido novamente, demorei alguns segundos para entender o que tocava, mas depois percebi que era o final de Gente Humilde, do Chico Buarque.

"...E aí me dá uma tristeza
no meu peito
feito um despeito
de eu não ter como lutar.
E eu que não creio
peço a Deus por minha gente,
é gente humilde
que vontade de chorar."

Depois disso eu fui atingida como um raio pela última frase que o homem disse (e que eu ouvi parcialmente por culpa da falta de atenção). Foi algo como "...comida...eu sou do Maranhão... estou quase desmaiando de fome". Ele disse isso mesmo? Como que eu não dei atenção?!? Olhei para trás e vi que ele conversava com duas mulheres que tentavam chegar até o ponto onde eu estava. O examinei cuidadosamente e, mesmo estando a uma certa distância, ele aparentava estar muito cansado. Andava cambaleando e carregava uma caixa de papelão sob os ombros, mas parecia carregar muito mais. Mais do que uma caixa, parecia que ele carregava o mundo – o seu mundo  que já estava ficando pesado demais pra ele.

Com cada pessoa que abordava ele olhava para o chão, como se estivesse pedindo desculpas por dirigir a palavra e interromper um momento importante de puro nadismo. Eu o vi se afastar trôpego e, num impulso, revirei a mochila catando minha carteira e saí correndo atrás do homem. Esperei ele terminar de conversar com um outro homem, que também não lhe deu atenção e então o chamei. Eu tive involuntariamente a mesma atitude que ele e encarei o chão quando vi que ele me olhava. Quando nossos olhos se cruzaram eu notei que além de fome ele carregava uma tristeza profunda, quase um abismo. Tive vontade de dar um abraço nele, mas só conseguir dizer "desculpa... boa sorte" e pelo tom que empreguei nem ao menos sei se ele me ouviu. Dei um aperto de mão e de forma discreta entreguei uma nota, o suficiente para que ele pudesse fazer uma ou duas refeições descentes. Depois disso eu dei as costas e fui embora. Não fiquei para ouvir o agradecimento e nem queria que ninguém no ponto de ônibus tivesse ouvido o nosso curtíssimo (quase) diálogo. Fiz o caminho de volta ao meu ponto inicial de cabeça baixa, olhando para o chão  assim como ele estava anteriormente  e me senti imensamente culpada por não ter dado atenção a ele inicialmente. Hoje eu fui pra casa pedindo desculpas a Deus por todos os pedidos de socorro que eu não dei atenção. Todas as pessoas que precisavam de ajuda desesperadamente e eu, displicentemente, divagava prestando atenção em aleatoriedades.

O mais triste é pensar quantas vezes ignoramos quem está ao nosso lado gritando por ajuda. É uma pena que a música do mundo esteja tão alta que não consigamos ouvir nem quem está ao nosso lado. Uma pena...



Você não é

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Você não é o seu trabalho. Você não é o que estudou. Você não é o que lê, nem muito menos o que ouve. Acha de verdade que é o que come? Tão pouco?! Você não é um problema, nem muito menos uma solução. Você não é step, mas também não é oficial. Você não é a sua personalidade ou seus pertences. Esqueça a sua casa ou o seu carro, nada disso é você de verdade. Você não é. Porque você não é uma coisa, um sentimento, uma frase ou um contracheque. Você não é. Nem se juntar todo o sentimento de revolta, ira e raiva contra o mundo. Você não é. Um punhado de boas ações e alguma dose de altruísmo? Também não é. Você não é, você está, e estando, é transitório, nada disso é seu. Você está no seu trabalho. você está estudando alguma coisa. Você está com um problema, ou você está com a solução. Você não é nada disso, você está. Você não é.


segunda-feira, 9 de julho de 2012

One day

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Um dia você acorda e vê a vida um pouco mais triste, o dia mais cinza, um céu sem cor. E tudo aquilo que você sempre defendeu, parece pequeno e não valer mais do que toda a fortuna de um ilustre mendigo. Você respira, mas ao invés de ar, sente seu peito encher de lamento. É como se num estalo a vida largasse a aquarela e pintasse seus sentimentos de sépia. O grito continua abafado, o abraço, aqui guardado. Não há futuro nesse enredo, somente um fim onde não deveria ter um começo.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Do lado de dentro

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Quando falo de amor, não falo da boca pra fora, falo do coração pra dentro, e de tão dentro parece que nasceu em mim. O amor que só quem ama pode sentir, o sentimento que só quem vive pode experimentar. Porque viver, essa coisa complicada que dá nó em nossas cabeças, é bem fácil quando visto pelos olhos do coração. Porque o sentir é mais do que dizer, fazer ou chorar. É a dor que não se sente, ausente enfim. É o ardor que queima, arde e lampeja, bem assim. É frio, é sol, é poesia. É dizer além disso ou de uma mera poesia. É correr sem asas, voar sem chão, molhar a alma e chorar de emoção, pois nada tenho de tão intenso ao contento do meu coração.

domingo, 24 de junho de 2012

Um ornitorrinco na terra dos pôneis

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Olá, estranho!

Bem, primeiramente eu gostaria de anunciar que o post de hoje será autoral. Tá, eu sei que vocês pensam que eu escrevo sobre mim, mas isso não é verdade. Em geral são histórias de amigos, conhecidos, sonhos ou alucinações - ou seja: eu escrevo sobre vocês e não sobre mim. Com diria Oswald de Andrade, "A gente escreve o que ouve, nunca o que houve". ;-) Não que tenha muita necessidade de explicar, afinal... ah, bem, como o blog é meu sou eu quem supostamente escolhe o tema, só achei que ia ficar estranho quebrar a cronologia das coisas sem falar nada. (E eu sei que vocês estão aí. Todos vocês. Mais gente do que eu esperava, é verdade, mas o Google Analytics tá aí e não me deixa mentir rs). Vamos lá?



Ultimamente eu ando numa fase meio... weird. De verdade, me sinto um ornitorrinco na terra dos pôneis, uma peça redonda que o mundo insiste em encaixar em espaços quadrados. Sabe gente que não pertence a lugar algum? Gente que não tem base, que fincou suas raízes no céu? Então, talvez eu não me sinta um ornitorrinco, talvez eu seja um. E talvez o mundo seja a terra dos pôneis mesmo. Vai saber, esse é o eterno drama dos desajustados.

Lembro uma vez que eu perguntei à minha professora da 5ª série, que estava falando algo sobre um livro qualquer, por que ela estava se referindo ao personagem como O, já que personagem é uma palavra que tem origem no latim e deriva de persona, que é um substantivo feminino (sim, eu perguntei exatamente desse jeito). Depois de um silêncio sepulcral ela simplesmente continuou a aula e me ignorou solenemente (acho que até eu me ignoraria rs). Outra vez eu assustei a professora de literatura que, inocentemente, foi me perguntar quantos livros eu já tinha lido aquele ano e ela se assustou ao saber que eu tinha lido algo em torno de 50. E ainda expliquei que era porque "geralmente lia 1 livro por semana, arredondando pra 4 semanas no mês, mas poderia ser mais porque tinha semana que eu lia dois". Tadinhos dos meus professores.

Curioso, não? Apesar disso eu não sou e nunca fui superdotada. Pelo contrário, sou uma aluna bem ruinzinha (risos). Não porque eu sou burra ou coisa do tipo, mas tenho o grande problema de não conseguir compreender teoria como as outras pessoas. Sou distraída, relapsa e tenho dificuldade em focar a minha atenção em algo que eu não goste. Só que eu sempre fui curiosa -e desajustada- e, de alguma forma, estudar sempre foi a forma de me integrar. Passei a infância estudando porque não me encaixava em lugar algum, mas me sentia confortável com os livros. Quando cheguei ao Ensino Médio, apesar de ler uma quantidade hedionda de autores que ninguém da minha idade dava atenção, eu saí da categoria de nerd-que-senta-na-frente-do-professor pra algo perto louca-maluca-alucinada-que-quer-botar-fogo-no-mundo. E do lado dos "revoltados" eu me sentia mais em casa. Eram desajustados como eu, cada um com seu motivo, mas  éramos iguais. Passei o Ensino Médio entre dois extremos: a excelência em matérias humanas e a total decadência em matérias exatas. Nunca entendi o raciocínio matemático, pra mim a vida é discursiva e não múltipla escolha, e me forçar a encontrar uma única resposta pra algo, era negar todas as outras possibilidades. E eu sempre achei que o mundo era feito de possibilidades, nem que seja a de ficar parado. 

Eram matérias chatas com professores esquisitos às 07 da manhã todos os dias e olhar pra cara deles até às 18h era quase um sofrimento. Não tinha como uma adolescente achar alguma graça naquilo e eu não seria exceção. Enquanto meus amigos liam sobre o Romantismo, eu estava estudando Antropologia. Enquanto o professor fazia cálculos intermináveis de Física, eu lia sobre Filosofia. Aliás, acho que eu era a única que prestava atenção na aula de Filosofia. Por algum motivo desconhecido também gostava de Economia. Tentava achar alguma graça naquele mundo em preto e branco e começava a pintá-lo com as minhas próprias cores. Só achei algo que eu realmente gostasse quando comecei a estudar Administração de Marketing. Era tudo o que eu queria, era a única coisa que, no meio de tantos números,  falava de ideias. Confirmei meu desejo de fazer Comunicação que já vinha de anos anteriores e depois disso fiz um caminho meio torto até a faculdade (não vou entrar em detalhes, mas foi beeeeeem torto). Torto, mas cheguei. E cheguei em outros lugares também, mas sempre me senti weird. Eu nunca estive à altura das pessoas que estavam à minha volta, mas eu era alguém que sonhava e queria mais do que quem estava ao meu lado. 

Nenhum dos meus professores conseguia entender aquela garota que tinha uma interpretação de texto brilhante, mas na hora de fazer uma redação, escrevia coisas sem nexo porque "se perdia na sua própria cabeça". Ou como alguém pode parecer inteligente numa conversa, mas soar mais burro que uma porta numa prova. Meu desempenho sempre foi perto do medíocre em provas e excepcional nos trabalhos ou nas aulas. A grande diferença é que eu assistia e participava das aulas porque queria e fazia os trabalhos por vontade própria, o que eu não queria, eu simplesmente não fazia. A prova era imposição (não que o resto não fosse, mas a pressão era menor). Na real, eu até gostava do colégio, mas detestava a forma como os professores impunham as coisas por pura e simples decoreba e limitavam o pensamento livre.

Anos depois eu fui descobrir o DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção) e uma parte da minha própria cabeça começou a fazer mais sentido. Eu não era só alguém irresponsável, como a minha mãe teimava em dizer; eu era alguém com um problema (por mais fútil que ela achasse que fosse). E chegar pra minha família e dizer que eu era "avoada" porque tinha Déficit de Atenção e precisava de tratamento era a mesma coisa que dizer que eu queria fazer uma cirurgia plástica ou bronzeamento artificial. Futilidade.

Cresci, me tratei. Tomei uns remédios loucos e parei. Parei porque o que me fazia pensar desenfreadamente ao ponto de não conseguir ordenar as ideias no papel era a confusão mental instaurada na minha cabeça. Com o tratamento eu me concentrava quinze vezes mais, só que eu não sabia o que fazer com a concentração porque as ideias tinham simplesmente sumido. Era como um cômodo vazio em que nossa voz dá eco pela casa inteira. Oco. Decidi domar a minha cabeça por mim mesma e por mais que tenha tido algum sucesso nisso, ainda sofro com alguns sintomas. Frequentemente "caio de pára-quedas" no meio da conversa porque antes eu tava viajando na minha cabeça. Perco coisas com uma facilidade sobrenatural. Tenho sérios problemas em me planejar, cumprir horários, tomar decisões ou simplesmente focar em uma única coisa. Tudo o que é normal e corriqueiro pras outras pessoas, pra mim precisa feito com prazer ou se torna num tormento. Sou movida a paixão e viver de paixão numa sociedade capitalista é bem complicado. Por enquanto ando conseguindo fazer o que gosto e estou feliz com o que consegui até agora, talvez um pouco mais lento do que as outras pessoas, mas continuo me orgulhando mesmo assim.
                     
Acho que quando eu era criança e gostava de ouvir a conversa dos adultos, eu já era um projeto de ornitorrinco. Quando corrigi a professora ou disse ter lido 50 livros, idem. Hoje, não importa mais onde eu chegue, ainda tenho a sensação de ser um ornitorrinco. Estágio, faculdade, rua, vida. Todo mundo é tão mais bem resolvido, mais bonito e bem penteado e eu sou... bem, eu sou isso aqui. Tenho defeitos "de fábrica" demais e uma autocrítica exacerbadaEu não posso renunciar ao que já aprendi, mas tenho medo de me tornar um pônei e magoar (ou renegar) os ornitorrincos. Posso largar tudo e parar exatamente onde estou ou chegar num ponto em que nenhum ornitorrinco já foi. Talvez eu evolua e crie asas, talvez desenvolva garras e cave melhor, ou talvez eu deva ficar parada e simplesmente não tentar algo que não é pro meu bico. Esse é o ponto atual da minha história. O que você faria?






Acho que só pra variar eu me perdi no que queria dizer, mas é mais ou menos isso aí. =)

domingo, 17 de junho de 2012

I just don't know...

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Engraçado, se alguém me perguntasse hoje como estou, não saberia responder. É como se na verdade não soubesse o que estou sentindo. Só sinto. Às vezes dói, às vezes liberta, mas nunca passa impune. Olho pela janela que por tantas vezes emoldurou as paisagens da minha vida e hoje vejo um mundo sem cor. Aliás, sem cor não. Uma vida inteira em sépia, que assim como os sentimentos, ficou no passado. E nessa vida presente, não sei como me conjugo, apenas tento conjurar novos -e velhos- fantasmas. As paredes que antes testemunharam a alegria do início, hoje choram uma ausência que nem eu sei se sinto falta. Não sei se faz falta a ausência, o sentimento ou a prepotência. Acho que nada disso faz falta na verdade. Hoje, aqui na janela, diante desse céu azulado em aquarela, sou a soma de duas almas rasgada pela metade. Mas eu não sei dizer como me sinto. I just don't know what to do with myself.


quarta-feira, 13 de junho de 2012

Pretérito

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Eu estive confrontando o fim, mas no fim não achei nada daquilo que todo mundo falava. Não achei nem quente, nem frio. Achei morno. Aquele calor de quando se está quase lá, mas ainda não se chegou a parte alguma. Esse deveria ser o melhor dos lugares, uma ponte entre o passado e o futuro, o Campos Elísios dentro do submundo que o teu coração se tornou. E não só o teu. Todos os corações se apagam vez ou outra. Essa é uma das graças da vida. Andar na rua dá a sensação de que todos os dias é Natal. Todo mundo passeando com seus corações ora incandescentes, ora opacos. E a vida ganha um pouco mais de cor e sombra.

Agora estou aqui, frente a frente com o fim e não sei o que dizer a ele. Não o vejo mau, o vejo como uma porta, como tantas outras portas que vão dar em algum lugar desconhecido. Seria normal, até bonito, se não doesse - mas se não doesse, não seria normal. Porque não é normal abrirem teu peito e arrancarem teu coração fora sem dor. Não é normal a apatia do papel pardo amassado jogado num canto do quarto escuro e vazio de alma.

Só sei que estou aqui, olhando para essa porta como quem atira uma taça na parede e, inutilmente, tenta parar o tempo até o instante em que ela estava inteira. Cada dia meu coração será apenas parte de um todo que nunca voltará a ser inteiro, porque ele tinha você e hoje só restou saudade. De você, de mim, de nós. Era.

Das coisas que não entendo: Dia dos Namorados

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Passar o dia dos namorados sozinho sempre te dá a oportunidade de observar a situação sob um novo ângulo. Não, não é da situação da sua vida que eu to falando, todo mundo sabe que você é encalhado. Tô falando do mundo em geral.

Dia 12 de junho, desde que o mundo é mundo, é sempre um mar de breguices, cafonices, fofices e similares. Parece que toda a força do cosmos está empenhada única e exclusivamente em descobrir a forma mais démodé de demonstrar seu amor.

Nunca fui muito de comemorar datas especiais. Nada contra, acho legal quem faz, mas esse tipo de coisa não é pra mim. Acho forçado dar um presente pra alguém só porque é uma data especial. Eu compro presentes e distribuo de forma aleatória (geralmente depende do meu humor rs), qualquer dia, qualquer hora, pelo simples prazer de ver um sorriso em retribuição. Eu gosto, fico feliz quando dou um presente, mas odeio que transformem meus prazeres em obrigações. Aí não dá, o tesão da coisa acaba.

Mas pera lá, calma! Acho legal ter um dia especial pra cada coisa. A vida é tão corrida que tem vezes que nem nos damos conta de quem está ao nosso lado. É legal ouvir/ver/ganhar coisas bregas, cafonas, fofas ou similares. Eu gosto, você gosta. O mundo é brega, não adianta negar. O que me incomoda de verdade é ver tanto “amor” ser demonstrado em um único dia e nos outros 364 essas mesmas pessoas agem como cretinas-filhas-da-puta.

Se é pra comemorar o amor, porque não fazê-lo durante o ano inteiro? Ou metade? Ou pelo menos uma semana (risos)? CADÊ COERÊNCIA NA VIDA? Por que a gente (e nisso eu me incluo) se esforça tanto por uma data visivelmente comercial e esquece, por exemplo, de dar bom dia ao cara da portaria? Educação também é amor! Por que os shoppings ficam cheios, os restaurantes lotados e os camelôs faturam vendendo ursinhos de pelúcia se, no próximo fim de semana, um estará mentindo pro outro só pra poder ir “pra night catar geral”? Pra quê todo esse estardalhaço se achamos normal uma criança pedir dinheiro no sinal? Qual o sentido de celebrar o amor se continuamos insensíveis perante o sofrimento alheio?

Vocês falam que comemoram o amor, eu vejo milhares de pessoas gastando seu tempo e fazendo a economia funcionar. Ainda falta muito para que possamos sentir o Amor, comemorá-lo é quase utopia. O que falta (e falta mesmo) é amor no mundo. Falta alma nas pessoas.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Os desajustados

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Sempre têm os desajustados, os ditos errados. Aqueles que se movem tão rápido que é quase impossível acompanhar. Os que riem alto e falam baixo porque não precisam chamar atenção, simplesmente são o que são e não se envergonham disso. Eles não se preocupam com o destino, estão é curtindo a viagem. E são esses mesmos, esses que parecem não se enquadrar. São peças redondas que o mundo insiste em querer encaixar nos espaços quadrados. Mas eles não se dobram e saem por aí tirando coisas -e pessoas- dos seus lugares. São sempre aqueles que têm um ponto de vista completamente diferente do nosso. Eles parecem chacoalhar a vida e só estão satisfeitos no caos - das ideias. Mexem, quebram e constroem algo no lugar que ninguém jamais pensou em fazer (ou ficou com preguiça). Fazem e fazem melhor, mais fácil, mais simples.

Quando você encontra com um deles, é bem fácil de identificar. Enquanto o verbo do mundo é ter, eles querem fazer e não se importam de fazer tudo ao mesmo tempo, afinal é assim que ficam mais felizes. Querem tudo pra ontem, latejam uma urgência que só o impossível pode alcançar. Mas eles alcançam e sempre conseguem ir um pouquinho mais longe.

São os bobos, os loucos, os artistas, os aventureiros, os rebeldes. São todos aqueles que perceberam que a vida só tem sentido quando vista sob uma nova perspectiva. Eles valorizam pequenas coisas e são capazes de sorrir com a mesma intensidade em um pôr-do-sol ou em uma chuva forte. São os insanos, os desprogramados, os inquietos. São aqueles que na verdade, só sabem fazer uma coisa: amar.


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Na esquina

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- Bom dia! Pra onde a senhora tá indo?
- Bom dia. Bem, eu não sei.
- Como assim?
- Como não sabendo.
- Ainda não entendi. Então pra onde levo a senhora?
- Tanto faz.
- Hã? Mas a senhora precisa de um rumo.
- Quem disse?
- Todos precisam.
- Quem disse?
- Mas não dá pra viver assim!
- Pra mim anda funcionando bem.
- Desculpa, mas como posso deixar a senhora em lugar nenhum?
- Não sei, o motorista é o senhor.
- Mas a senhora precisa saber pra onde vai.
- E qual seria a graça?
- Bem... a de se saber pra onde se vai?

Ela gargalhou e tirou o iPod do bolso. Colocou os fones no ouvido e, como quem lembra de apagar a luz de casa antes de sair, disse:

- Quer saber, mudei de ideia. Pode me deixar na esquina.
- De qual rua?
- Da vida. De lá eu vou a pé.


Penumbra da noite

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Mais uma noite e estou aqui, acordado, ouvindo músicas aleatórias, sob a penumbra dos meus próprios pensamentos iluminados apenas pela luz no computador. O cigarro está no mesmo lugar, meio aceso, meio apagado. Indefectível. O uísque, meio quente, meio aguado, me faz questionar o que estou fazendo aqui. Jogado nessa poltrona, ao léu, sinto o conforto dos mendigos que servem de morada aos ratos. Talvez eu também seja um rato. Ou um mendigo. Pior, eu sou eu, e nem os ratos escolhem perambular perto de mim. A janela emoldura uma Lua tão linda que, se eu fosse dotado de algum sentimento, talvez pudesse notá-la. Nada é tão real quanto antes, o abstrato tornou-se a minha verdade. E a verdade? Obsoleta. Cada linha que escrevo me sinto mais longe do fim e talvez seja assim mesmo. Hoje vivo porque morro a cada linha, ou evito a morte a cada linha e por isso vivo? Não sei, talvez fosse melhor se eu sentisse, mas essa pedra que guardo no peito não consegue amar nada além de ti. Muito além de mim. Fim.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

A orkutização somos nozes

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Falar em orkutização é falar mais do mesmo, é chover no molhado, é falar que "o mar derreteu e toda a Terra mudou de configuração" (???). Há alguns dias eu saí pra almoçar e quando voltei metade no mundo estava revoltado por um único motivo: a liberação do Instagram para o Android. Tem milhares de pontos que me incomodam nessa história toda, check it out.


1) A elitização/popularização de um app

É sempre assim! Música, artista, cultura inútil ou... app. Se você é fã, vai defender com unhas e dentes, mas depois que o troço ganha visibilidade você começa a chamar de vendido, reclama que estragaram seu brinquedinho e fica de #mimimi. Você já consegue fazer o seu Toddynho sozinho?




2) Fenômeno da classe C

Todo mundo já ouviu falar em algum lugar que a classe C tá crescendo, se expandindo e "tomando pra si" espaços que antes nem ousaria botar o pé. É mais fácil frear um trem desgovernado com um palito de dente e um Bubbalo do que parar isso. Se ela está se expandindo, nada mais natural que esteja presente nas "manifestações internéticas" da vida (adoro neologismos, beijos).




3) Orkutização

Eu acho esse termo extremamente preconceituoso, mas como faz parte do contexto, está aqui. Na verdade, isso está mais ligado à classe social do que a ação em si. Quer um comparativo? Ninguém reclama do cara que posta foto na balada, no carro importado com cerveja cara, mas vai alguém postar foto do churrascão na laje com piscina de plástico... xiiiiii. Confusão na certa. O cara da laje tem menos direito de compartilhar seus momentos de diversão? Por quê?




O que talvez seja esquecido é que estamos falando de pessoas, e pouco importa a ferramenta utilizada. Pode ser no Facebook, no Twitter, no Instagram ou numa rede completamente segmentada, não importa, isso é apenas o meio, não o fim. Pra você a orkutização é culpa das pessoas? Eu acho a mesma coisa. Só as pessoas têm o poder de modificar tão intensamente o lugar em que estão inseridas. O que está acontecendo é que a orkutização ~samba na cara da sociedade~ e mostra aquilo que no off, todo mundo quer esconder. Ninguém leva o gringo pro churrascão na laje. Ninguém leva o gringo pro mercadão de Madureira. Você passa por um mendigo e poderia dar uma moeda pra ele, poderia dar comida, mas a maioria prefere virar a cara ou apertar o passo com medo de ser assaltado. Na internet é a mesma coisa. Ninguém quer ver coisa "feia", mas aquilo é a realidade daquelas pessoas, elas não podem compartilhar o que não têm.

A orkutização é mais do que um bando de gente postando correntes nas suas redes sociais preferidas, é mais do que um bando de gente que "devia ter ficado no Orkut". É uma classe social inteira ganhando voz, sendo inserida na sociedade e produzindo coisas pertinentes à sua realidade. Eles não estão nas novelas, eles não são Garotas de Ipanema e nem personagens de novela que moram no Leblon. 

A orkutização vai além do Orkut e transcende esse birra. Uma ferramenta sozinha é só mais uma; uma ferramente nas mãos da (s) pessoa (s) certa (s), isso sim pode fazer a diferença. O que é ignorado no off, é escancarado no on, por isso incomoda tanto. Incomoda gente escrevendo errado, mas como escrever certo quando as escolas não têm professores? É fácil falar tendo estudado em escolar caras, faculdades de renome e morando na Zona Sul. No final, o que me incomoda não é a orkutização da redes sociais, é a idiotização da sociedade.



Mitsubishi e os anos 80 (ou o que a Honda ainda tem que aprender)

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Em fevereiro eu reclamei horrores da Honda pelo apelo escolhido para a campanha de lançamento do CR-V 2012.  Hoje (um pouco atrasada, admito) eu vim mostrar que o problema não foi a Honda ter usado um clássico dos anos 80, mas a forma como usaram.

A Mitsubishi, que não é boba, pegou carona nessa confusão toda e criou um comercial com a mesma ideia, baseado no filme De Volta Para o Futuro (Back To The Future). E por que eu ainda não tô falando mal? Porque a parada foi bem feita!

Na campanha do Mitsubishi Lancer, a ideia era mostrar que ele era um carro do futuro. Dr. Brown envia seu cachorro para o futuro e depois de alguns instantes, ele retorna com um carro totalmente novo. O cachorro - que agora é um robô -, diz que ele ainda não está preparado para aquele carro, mas que seus filhos estarão.

Achei a campanha muito legal, a ideia foi bem construída e manteve as características originais do filme. Ponto pros japas!


E a Honda? Bem, se eu fosse eles estaria deitada na BR a essa altura do campeonato.

Lago estrelado

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Sua vida será tão boa quanto você acreditar que ela pode ser.
Seu coração será tão grande quanto a sua capacidade de amar.
Sua humildade é do tamanho da sua capacidade de admitir seus erros.
Seu sucesso será igual a sua vontade de fazer melhor.

No fim, você recebe aquilo que cativa. Não deixe que ninguém te engane; só lute por aquilo em que você acredita. Às vezes, para contemplar melhor o céu, é preciso olhar para o chão.


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Todas as estrelas do céu

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Será que as estrelas são iguais em todos os céus?
Será que o luar daqui é igual ao luar de lá?
Se eu fizer um pedido para uma estrela cadente,
será que ele vai chegar?
Não sei onde você está,
mas tenho certeza que você pode me ouvir cantar.

E depois de todos os defeitos,
será que esse laço foi desfeito?
Não entendo,
mas sei que todos os meus erros foram perfeitos.
Um dia, talvez.
Quem sabe há um meio de fazer você perder o receio?

Toda noite eu olho esse luar, abro o peito e o meu chão desaba.
A lágrima cai, mas não dói, só aumenta.
Se esse chão é de concreto,
minhas nuvens são de papel.
E meu amor é infinito
como todas as estrelas do céu.


Starry night over the Rhone (1888) – Vincent van Gogh

Orkut: um morto muito louco

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Desde que começou a lenda urbana da morte do Orkut, ele já mudou de layout, lançou uma versão genérica do "like" e mais algumas coisas que eu realmente não vou lembrar agora. Mas nesse verão ele decidiu fazer algo diferente (sic). Há alguns dias foi anunciado no blog da rede social uma nova funcionalidade: Hashtag nas comunidades do Orkut. Agora, todo post pode conter uma hashtag, que é uma palavra (ou palavras) sem espaço e que são antecedidas pelo símbolo #, assim como acontece no Twitter. Quem clicar em uma determinada hashtag será direcionado para uma página especial com todo o conteúdo relacionado ao assunto.


Essa é de longe uma funcionalidade que eu gosto muito e sinto falta no Facebook. Talvez o Zuckie ache que seu público não quer segmentação, mas se ele pretende levar à frente seus planos de transformar sua rede social em um centralizador de informação, talvez devesse começar a pensar com mais carinho sobre isso.

Agora será que o público vai gostar e se adaptar? Será que esse é o indício de que o Orkut está longe de morrer? Ou será apenas uma tentativa desesperada de ressuscitar um cadáver? Vamos aguardar e ver quais dessas perguntas serão respondidas. Mas ao que tudo indica o Orkut está provando que pode até estar morto, mas longe de ser enterrado.

Portas batidas

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Quer ir, vá. Eu não vou te segurar.
Vá, mas deixe tudo o que é meu.
Devolva o Doyle, os Machados e Prousts.
Sabe aquele site incrível? Ele é meu, nunca foi seu.
Quero de volta todos os cds, você nunca gostou mesmo de Rock.
Cadê aquela camisa dos Rolling Stones?
Você nunca se sentiu à vontade com Chico ou Caetano.
Por que agora vive cantarolando Los Hermanos?
Vai, mas deixa tudo o que é meu.
Não quero mais que você veja Almodóvar, não quero ouvir críticas aos Cohen ou palmas para Eastwood.
A verdade é que você nunca soube apreciá-los.
Esquece, deixa pra lá.
Deixa por aqui. Por aqui ou por lá.
E deixa esse moleskine também. Agora você escreve?
Agora você entende de arte? Tá tentando ser uma pessoa melhor?
Vai, mas deixa tudo o que é meu.
Arranca fora esse sorriso, porque ele também não é teu.
Veste a carapuça do mau humor, esse sim foi feito pra você.
E aqueles péssimos hábitos? Estranho pensar que o que antes me fazia rir, hoje me enoja.
Estranho nada, pensando bem é até normal. Ou seria banal?
Vamos, quero de volta todas as manhãs acinzentadas e noites estreladas!
Guardei o pôr-do-sol numa caixinha e te dei, agora todos os meus dias são nublados.
E o que ganhei com isso?
Pode sair por essa porta, mas deixa em cima da mesa todos os sorrisos que eu te dei.
Todos os abraços, todos os beijos.
Sabe aquelas conversas, as palavras de apoio, as declarações?
Coloca tudo numa bandeja que mais tarde eu recolho.
Eu quero o que é meu, nada disso é teu.
É tudo meu, faz parte do meu eu e eu não quero nada meu que também seja teu.
Deixa tudo e vai, bate a porta e joga fora as chaves,
porque no meu teto você não dorme, no meu chão você não voa, na minha vida você não está.
Pelo menos não mais.




quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Ferris Bueller e a Honda (ou o que vendemos na publicidade)

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Semana passada o grande comentário nas redes sociais foi sobre um teaser que apareceu no Super Bowl (maior evento esportivo dos Estados Unidos e a veiculação publicitária mais cara do mundo). Em um vídeo de apenas alguns segundos Matthew Broderick aparece incorporado no seu personagem que talvez seja o mais emblemático - Ferris Bueller - e uma data é anunciada - 05/02/2012. Aí começa a nossa história.





Milhares de fãs desesperados se animaram achando que o teaser na verdade precedia algo maior: a continuação do filme "Curtindo a vida adoidado" (Ferris Bueller's day off). Depois que viram a confusão que estava acontecendo o lançamento da peça foi adiantado e todo mundo descobriu que, na verdade, se tratava de uma campanha da Honda para anunciar o CR-V 2012. O vídeo tem 2 min e 30 seg aproximadamente e mostra Ferris sendo... ele mesmo. Agora ele liga para o chefe, inventa que está doente e sai por aí aproveitando o dia (claro, sem ser pego). Alusão clara ao filme, uma cópia divertida que dá na gente aquela mesma vontade de quando o víamos na Sessão da Tarde. Quem nunca pensou "Eu ainda vou fazer isso" que atire a primeira pedra. Todo mundo pensa, mas ninguém faz e aí começa a análise.



É inegável que o filme faz parte do imaginário popular, está enraizado em toda uma geração e repercute nas gerações futuras. Ferris traduz o ideal da década perdida: o cara descolado, de jeans, camiseta e óculos escuros que faz o que quer, do jeito que quer, tem um espírito anárquico e subverte as regras do micro-sistema em que vive - a escola. Mas de 1986 para 2012 as coisas mudaram um pouco. Apesar da aparência séria, ele continua com o espírito anárquico e ao ligar para o chefe e enganá-lo deliberadamente ele continua ignorando o sistema, que agora ganhou contornos de macro. A vida não é mais a escola, ele não tem mais 17 anos e não está matando aula. Agora ele mata o trabalho porque simplesmente "não sabe como trabalhar num dia como esse". O que me incomoda é o fato de que valores da década de 80 e sentimentos de um jovem irresponsável ainda pairem sob a cabeça de um senhor de meia idade. Ao quebrar a cronologia e trazer esses significantes para o presente, a Honda inconscientemente (ou conscientemente, não sei) está dizendo: "Venham! Comprem o CR-V 2012 e vocês serão tão descolados quanto ele". E quem não quer ser o Ferris? O problema, entretanto, é que agora ele não é mais um garoto de 17 anos e falhas de conduta da juventude que perduram pela vida transformam-se em defeito. O problema é em quem você se torna ao adquirir esse produto. Todos querem ser o Ferris, mas ninguém quer ser o tiozão que larga tudo e vai parar em um parque de diversão, que anda com um urso de pelúcia gigante no banco do carona ou que simplesmente foge do chefe. Irresponsabilidade, impulsividade, anarquia, rebeldia... é tudo isso que a Honda está agregando ao seu carro. Ou simplesmente "Olha que sacada legal! Bora fazer uma peça com alguma coisa dos anos 80?". Quem há de saber?


Mas essa é apenas mais uma visão exagerada de alguém sem significante que vive procurando um significado. Fique à vontade para fazer sua própria análise. ;-)
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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Astronauta de metal

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Esse peito é feito de metal e as estrelas voam como papel.
Não vou me enganar, não quero mais sofrer.
Por isso sou uma nova pessoa a cada amanhecer.

Busco o incrível porque no real não acredito.
Sou estranho, não curto o erudito.
Minha alma brilha como o aço, meu coração é uma caixa a pulsar.
Meu corpo é sangue, metal e luar.



Náufrago

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Meu barco afundou. Transbordei lágrimas e me afoguei em desilusões achando que qualquer encosto era tábua de salvação. Não era. E então resolvi me atirar ao mar novamente e nadei de volta para mim. Encontrei uma ilha deserta e me senti bem. Sacudi minha árvore e deixei os frutos podres caírem. Se restar pelo menos um já ficarei feliz. Se não restar pelo menos ainda terei a mim. Na minha ilha fica quem quer e vai quem sabe nadar, mas não esqueça: se estiver se afogando não venha me pedir ajuda, não tenho pena de ninguém. Você não me conhece!



Caminhos tortos

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Hoje eu acordei bem cedo e fui ver o mar,
sei que tudo tem um tempo pra passar.
Pelo menos é nisso em que
durmo acreditando.

Hoje estou tão cansado de tanto asfalto,
quero tirar as meias e aposentar os sapatos.
Quero correr até que o horizonte
encontre o mar.

Sei que todo o caos há de passar,
só rezo para ter alguém em quem me apoiar.
Leva o pranto e trás contigo
o meu sorriso.

Esse grito cego, pavor abafado,
mesmo isso não faz com que eu perca meu atalho.
Construí meu caminho e nele
vou até o fim.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Onde você estava há 10 anos atrás?

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Texto escrito no dia 11/09/2011.




Há 10 anos atrás eu tinha 13 anos. Estava em casa assistindo Dragon Ball, daí começou um "filme" estranho. Parecia um filme desses de guerra, mas eu nunca tinha visto um tão esquisito. A câmera tremia, tinha muitos aviões e as pessoas choravam. Mudei de canal, não queria ver coisas tristes, mas pro meu azar esse "filme" estava passando em todos os canais. "Minha TV tá com defeito?", pensei. Desliguei o aparelho e, contrariada, fui estudar. Só alguns anos depois fui entender o que estava acontecendo. Não era a TV que estava com defeito, eram as pessoas.



Contratempos

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Ela vai esperar uma centena de anos até ter certeza do que está sentindo.
Ela vai pedir todas as provas antes de ter certeza que é sincero.
Ela vai dizer milhares de "nãos" quando, na verdade, morre de vontade de se jogar no "sim".
Ela vai fazer milhares de promessas antes de fazer um juramento.

E todas as dezenas de cartas serão rasgadas antes que tenham um destinatário.
E uma alcateia irá protegê-la do mundo antes que possa acreditar em si.
E mesmo por trás de cada sorriso, ela esconde uma lágrima.
E antes que fosse verdade, era só vontade.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Retrospectiva 2011 pelo Youtube

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Olá, pessoal! Peguem a pipoca e acomodem-se no sofá para a apresentação dos vídeos mais assistidos do Youtube em 2011 (além do Top 10 com os virais de maior repercussão). E para apresentar tudo isso a garota-fenômeno do ano: Rebecca Black.

Vamos lá! It’s Friday, Friday. Gotta get down on Friday! ♫♪♫ (tá, tudo bem, eu sei que hoje é quinta rs)


Rolling in the Deep versão brazuca

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A banda Aviões do Forró, famosa pelo hit “Deita na BR“, que deu origem a um dos principais memes de 2011, resolveu pegar carona no sucesso da cantora inglesa, Adele, e fez uma versão brasileira de “Rolling in the Deep”. A música chamada “O Seu Tempo Passou”  caiu na rede em novembro e está fazendo sucesso. E aí, gostou ou ainda prefere a original?

O seu tempo passoooooooooooooooooooooooooou-ooou-ooou!
Não venha atrás de miiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim-iiiiiim-iiim! ♫♪♫


Quando a ideia morre na praia

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Mês passado eu li em algum lugar (que eu não vou lembrar nunca onde foi) que a Coca-Cola estava com uma campanha de fim de ano sobre os ursos polares. Ora, desde que o mundo é mundo e se amarrava cachorro com lingüiça (na época, com trema), a Coca-Cola usa os ursos polares como símbolo da sua campanha de fim de ano, mas nesse verão eles resolveram fazer algo diferente (sic). A marca mudou a cor das suas tradicionais latinhas, de vermelho para branco, em uma edição limitada em prol  da preservação de um dos seus maiores símbolos. E foi aí que a confusão começou.



Conceito lindo, campanha perfeita, as latinhas foram pras ruas e pouquíssimo tempo depois foram recolhidas. O motivo: a baixa aceitação do público. As pessoas simplesmente começaram e rejeitar a lata porque ela era muito parecida com a lata de Diet Coke.


Uns acharam que o gosto do refrigerante estava diferente e os mais extremistas acharam que era um sacrilégio, já que a Coca tradicional nunca havia sido comercializada fora da sua cor original. Desassociar a Coca-Cola do vermelho é quase como destruir anos de branding. Será? Não sou fã do refrigerante, mas admiro a marca, como qualquer publicitário. O problema da mudança é que seu público nem sempre está pronto para ela. Essa é a prova de que até a maior marca global pode dar um tiro no pé (ou  será que as pessoas estão “quadradas” demais?). RIP latinha branca.



Veja também o vídeo que explica o conceito da campanha.



Já ouviu falar no Socialblood?

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Já pensou em encontrar doadores de sangue pelo Facebook? Essa é a proposta do Socialblood. Lançado por Karthik Naralasetty, de 22 anos, a ideia é juntar pessoas do mesmo tipo sanguíneo para facilitar a busca por doadores. Simples, não? Simples e eficaz. A ideia ainda não é conhecida por aqui mas já está surtindo efeito na Índia, por exemplo. Para quem quiser ajudar de verdade, ainda mais nessa época de fim de ano, vale dar uma passadinha no banco de sangue da sua cidade. Lembrando que homens podem fazer até 4 doações por ano e mulheres até 3. Como diria Eek! The Cat: “Ajudar não dói”. =) (#anos90feelings).

Cerveja Duff no Brasil

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A disputa entre a cerveja queridinha dos brazucas ganhou mais uma concorrente de peso, mais precisamente o peso da barriga de Homer Simpson. A Duff, que já é sucesso de vendas em países como Espanha, França e Itália, chega por essas terras para disputar o coração (e o fígado) dos amantes da bebida. 

Parecia uma coisa meio óbvia, até eu mesma, sempre que via o desenho me perguntava “por que raios ninguém ainda tá fabricando essa cerveja?”. A resposta era ainda mais simples: direitos autorais. Afinal a Fox – o canal que detém os direitos de imagem dos Simpsons – nunca iria liberar a comercialização. Hum, será mesmo? Bem, como tudo na lei é manipulável, parece que foi mesmo encontrado uma brecha e um mexicano, Rodrigo Contreras, registrou a marca.


Analisando “marketinglogicamente” (adoro neologismos rs), é fácil explicar o sucesso da Duff. Mesmo sem nenhuma propaganda, o público já conhece a marca há 23 anos (tempo que Os Simpsons estão no ar). E que a família amarela da Fox é um símbolo forte, ninguém pode negar. Entretanto, essa mesma força “marketinglógica” (rs²) foi o que fez a Fox não permitir a comercialização, já que isso poderia induzir crianças ao consumo de álcool. Particularmente acho tudo lindo na teoria, mas se a Fox não quisesse incitar o consumo da bebida, ela simplesmente não existiria no desenho. Whatever, vida que segue.

Num mercado em que a Heineken está se reposicionando, a Budweiser está correndo por fora e marcas como a Devassa se mantém com campanhas polêmicas, será que a Duff irá encontrar seu lugar ao sol? Potencial pra isso ela tem, com certeza.

Além de cerveja, a Duff também comercializa energéticos. Veja no site onde encontrar a belezinha. O último a sair do bar apaga a luz.

(p.s: falando em campanha polêmica da Devassa, o que diabos eles querem fazer com o Silvio Santos numa campanha? Provar que até o homem do baú tem um lado devasso? Avá! ¬¬)

Nossa nada mole vida

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Nenhuma descrição é suficiente, apenas vejam (e sofram) junto com o seu dupla.







Das coisas que não entendo: buquê de flores

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Tá, tem muita coisa estranha por esse mundo afora e eu não entendo a maioria delas, mas essa é especial. Calma, segurem as pedras por enquanto e vamos lá para o meu ponto de vista torto da história.
Você, mulher linda e bem resolvida, romântica e prestes e se casar com o homem da sua vida leu esse título e pensou “WHATAHELL?!?” (e você que tá encalhada também, que eu sei). Sim, não entendo o significado do buquê/bouquet de flores. Tanto não entendo que não sei nem qual das duas formas de escrita está correta (pela googlada que eu dei parece que ambas estão corretas, mas vai que…).  Quer dizer, entendo sim, rosas são românticas, simbolizam a paixão e blábláblá Whiskas Sachê, aí o cara querendo agradar leva um caminhão de flores e deixa a garota morrer soterrada debaixo de tanto mato. Sim, porque juntou um bando de planta pra mim virou mato. Tá, eu não sou romântica e talvez nunca tenha encontrado alguém que me faça acreditar nisso, mas qual o intuito de encher a pobre da garota com um chumaço de mato com um cheiro estranho embrulhado naquele papel barulhento? Tá querendo dizer o quê? Que ela precisa beber água senão vai murchar? “Não! Ele quer dizer que a minha beleza não se compara à de todas as flores do mundo! S2″. Avá! E você acredita mesmo nisso? Tsc, tsc, tsc.

Sabe no que eu vejo sentido? Em uma flor. Uma rosa, uma orquídia, um girassol. Uma flor, aquela escolhida com todo cuidado, assim como ele fez com você. A única, the only one, nisso sim eu acredito. Vai lá, Brasil, agora tá liberado, podem tacar as pedras, sou um caso perdido mesmo (rs).

No fim, em fim

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Hoje acordei e me vi em fim. Fim de trajeto, fim de história. Finalmente entendi que essa jornada cega só tem algum sentido quando guiada pelo coração. Vi que sou capaz de aprender até mesmo com quem recusa-se a ensinar. Percebi que cada cicatriz é, na verdade, uma linha a mais no meu livro da vida. Não ando mais vertendo lágrimas, mas se tiver que chorar, será sem vergonha do que sinto. E que todas as dificuldades sejam encaradas como um amigo contando uma história. Enchi minha mochila só com os melhores sentimentos e parti. Me vi em fim e finalmente pude fazer o que mais gosto: recomeçar.