domingo, 29 de agosto de 2010

The end

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Do eterno cárcere toda alma há de cansar e dos grilhões e espinhos que rasgam impiedosamente hei de recusar. Das barreiras perante o impossível o medo se rende, covarde. Por um passo no escuro e outros dados à clara imensidão do dia. Pelo que foi deixado no meio do caminho - que caminho? Percorrendo estradas sem direção rumo ao desconhecido. Um passo pelo seu suor, um sorriso por uma lágrima, o nada pelo seu sangue até você cair, chorar e se render. Um troféu pelas tuas derrotas, uma comemoração pelo teu fim.

Pais e filhos

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É difícil acordar todo dia e se ver rodeado de lixo, chega a ser patético como nada disso faz sentido. Essas linhas poderiam consertar tudo se os pilares de açúcar não estivessem derretendo? A música alta não machuca meus ouvidos tanto quanto as suas palavras estúpidas cuspidas ao acaso. E eu me pergunto: em que ponto da sua vida você se tornou assim? Em que momento você optou pelo errado? Por que tudo com você é sempre da forma mais complicada? Por que essa tendência ao erro? Você gosta de transpirar álcool e viver em vão mas, você tem alguma noção do quão errado isso é?

Agora aqui, deitado na minha cama, eu rezo para tudo ficar bem, mas nem eu mesmo estou. Eu espero que as crianças não acordem com todo esse barulho enquanto eu tento me segurar no que não existe para não ser tragado pelo buraco negro que se tornou a sua vida. E todo dia é assim, todas as noites são iguais. Eu abandonei a minha vida tentando salvar a sua, mas a única coisa que você faz é se destruir. Quer saber um segredo? Eu não ligo mais, apenas deixe as crianças em paz. Pelo menos uma vez faça o que é certo.

Madrugada adentro

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Toda madrugada alcançamos a perfeição em toda a sua incompreensão. Ao te conhecer, me pus por um fio, e troquei todas as certezas por um punhado de desvarios. Dei a medir o tempo pelos teus beijos e a contar estrelas pelo brilho dos teus olhos. Pouco a pouco tua vida se tornou a minha e agora meus passos são dados por tuas pernas. Após cada dia desafortunado eu sei que há de vir o anoitecer e então eu poderei voar no teu mar e nadar no teu céu. Brinquei de mal com o mundo e abandonei meu exército perante você. Se juntos somos um e sozinhos apenas almas solitárias, como hei de partir se o meu coração precisa do sangue das tuas veias? A cada entardecer dei pra sonhar e me perder em delírios, romper com o mundo e esperar pelo teu sorriso porque agora, esse sonho é a minha realidade. Toda madrugada te espero porque quando tu vens, apenas você tem o poder para me salvar.

domingo, 22 de agosto de 2010

E se?

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E se você desistir? Você irá se sentir melhor? Essa dor no seu coração finalmente cessará? Você acha que ficaria mais fácil? Calmo? Seguro? Se nada é do jeito que você quer, não será sua responsabilidade mudar o que não gosta? Será que a força que você procura não está em si mesmo? Será que a dor é tão grande que você realmente não pode suportar? Lá fora do seu quarto tem um mundo, e ele é maravilhoso, mas pode ser muito cruel também. Ele é exigente com todos os seus filhos.

Pare de se esconder debaixo do seu cobertor e tome a vida em suas mãos. Reinvente-se, crie, modifique. Destrua e faça de novo. Tudo igual. Tudo diferente. Depois mude de novo, de novo e de novo. Mude até não restar mais nada. Mude até você mudar de ideia. Mude até de fato a mudança acontecer. Você não é grande, pequeno, forte ou fraco, você é apenas uma pessoa no meio de tantas outras. Pode ser pouco mas acredite, você é mais do que suficiente e pode sim fazer toda a diferença. Apenas acredite - e nunca desista de tentar.

Sou

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Eu me alimento do efêmero, do fulgaz, do devir. Eu transbordo o vazio e encho-o de reais alucinações. Eu invoco o nada, transpiro o futuro e expurgo o passado. Em minhas retinas vê-se a avidez do que ainda está por vir.

Eu sou minha melhor companhia, meu melhor anjo e o meu próprio algoz. São meus passos que encontro ao lado dos meus. É o meu toque que encontro quando me abraço. Quando vou, o que resta e o que se vai é a mesma saudade em mim. Quando sou não é para ser, é para ter. Quando vou carrego o pesar de quem nunca gostaria de ter ido. Quando tenho, tu tens. Quando sou, tu és. Quando vou, tu vais. Enquanto eu morro, tu renasces.

Ao anoitecer

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Hoje ela acordou com vontade de levar sua vida para passear, mas o céu estava encoberto por uma estranha melancolia. Nenhuma das flores que ela regava com tanto empenho quis ver a luz do dia e hoje, nem o seu sorriso quis sair da toca. Resolveu banhar-se mas acabou se encobrindo de um lirismo lancinante. Não queria a melancolia, não queria o lirismo, não queria o lascivo. Buscava a tranquilidade de sua loucura como o sol beija o horizonte a cada entardecer. Quis ficar assim então: ela mesma. Sólida e atroz a qualquer mundo que possa existir lá fora. Só o que importava era o seu mundo. Era a imperatriz do seu reino de prata e nada poderia intervir. Fechou-se em copas e buscou pelo seu às de espadas, vermelho e destemido, bravo como Dartanhã, visionário como Dom Quixote. Ela corria e o vento girava cada vez mais rápido os moinhos de vento em sua cabeça. Quis sorrir e sorriu; quis chorar e chorou. E ao anoitecer caiu em um profundo sono. Novamente sonhava com o que tinha de melhor.

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Pensei por muito tempo sobre o que eu deveria fazer com o "desconsertando". 33 posts atrás eu iniciei uma jornada rumo ao que eu achava que sabia fazer - escrever. Sim, achava que sabia, porque depois de tentar colocar à prova o que eu era capaz, na maioria das vezes eu era reprovada por uma única pessoa: eu. Poderia enumerar milhares de motivos para o excesso de autocrítica mas em suma, se você não tiver um pouco de senso sobre o que faz, quem o terá? Mas aí alguém me disse uma vez que "o que não é bom pra você pode ser bom pra outra pessoa" e eu fiquei pensando nisso. De fato, se fosse contar quantos desses posts eu acho realmente bons e quantos as outras pessoas acham bons, veríamos uma clara diferença. Pensei em excluir, em parar, em largar o "vício" que mais em entorpece, mas ao pensar em deixar todas as palavras trancadas dentro de mim minha cabeça lateja em reprovação. É como se eu precisasse expô-las, como se elas necessitassem da luz do dia como qualquer um de nós precisa de ar em nossos pulmões. A ideia de simplesmente parar já é recorrente e toda a vez que ela ressurge eu sou açoitada por frases incongruentes e verbos defectivos. Eu não quero, mas elas precisam sair e já não cabe mais a mim julgá-las como boas ou ruins. Um filho é tão amado quanto possa ser e prometo que nunca mais irei preterí-los. A mim compete a função de dar-lhes à luz, ao mundo a de achar alguma utilidade para elas. E se pelo menos isso fizer a diferença na vida de uma pessoa sequer, já terei minha tarefa tida como paga.