quarta-feira, 13 de junho de 2012

Pretérito

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Eu estive confrontando o fim, mas no fim não achei nada daquilo que todo mundo falava. Não achei nem quente, nem frio. Achei morno. Aquele calor de quando se está quase lá, mas ainda não se chegou a parte alguma. Esse deveria ser o melhor dos lugares, uma ponte entre o passado e o futuro, o Campos Elísios dentro do submundo que o teu coração se tornou. E não só o teu. Todos os corações se apagam vez ou outra. Essa é uma das graças da vida. Andar na rua dá a sensação de que todos os dias é Natal. Todo mundo passeando com seus corações ora incandescentes, ora opacos. E a vida ganha um pouco mais de cor e sombra.

Agora estou aqui, frente a frente com o fim e não sei o que dizer a ele. Não o vejo mau, o vejo como uma porta, como tantas outras portas que vão dar em algum lugar desconhecido. Seria normal, até bonito, se não doesse - mas se não doesse, não seria normal. Porque não é normal abrirem teu peito e arrancarem teu coração fora sem dor. Não é normal a apatia do papel pardo amassado jogado num canto do quarto escuro e vazio de alma.

Só sei que estou aqui, olhando para essa porta como quem atira uma taça na parede e, inutilmente, tenta parar o tempo até o instante em que ela estava inteira. Cada dia meu coração será apenas parte de um todo que nunca voltará a ser inteiro, porque ele tinha você e hoje só restou saudade. De você, de mim, de nós. Era.

Das coisas que não entendo: Dia dos Namorados

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Passar o dia dos namorados sozinho sempre te dá a oportunidade de observar a situação sob um novo ângulo. Não, não é da situação da sua vida que eu to falando, todo mundo sabe que você é encalhado. Tô falando do mundo em geral.

Dia 12 de junho, desde que o mundo é mundo, é sempre um mar de breguices, cafonices, fofices e similares. Parece que toda a força do cosmos está empenhada única e exclusivamente em descobrir a forma mais démodé de demonstrar seu amor.

Nunca fui muito de comemorar datas especiais. Nada contra, acho legal quem faz, mas esse tipo de coisa não é pra mim. Acho forçado dar um presente pra alguém só porque é uma data especial. Eu compro presentes e distribuo de forma aleatória (geralmente depende do meu humor rs), qualquer dia, qualquer hora, pelo simples prazer de ver um sorriso em retribuição. Eu gosto, fico feliz quando dou um presente, mas odeio que transformem meus prazeres em obrigações. Aí não dá, o tesão da coisa acaba.

Mas pera lá, calma! Acho legal ter um dia especial pra cada coisa. A vida é tão corrida que tem vezes que nem nos damos conta de quem está ao nosso lado. É legal ouvir/ver/ganhar coisas bregas, cafonas, fofas ou similares. Eu gosto, você gosta. O mundo é brega, não adianta negar. O que me incomoda de verdade é ver tanto “amor” ser demonstrado em um único dia e nos outros 364 essas mesmas pessoas agem como cretinas-filhas-da-puta.

Se é pra comemorar o amor, porque não fazê-lo durante o ano inteiro? Ou metade? Ou pelo menos uma semana (risos)? CADÊ COERÊNCIA NA VIDA? Por que a gente (e nisso eu me incluo) se esforça tanto por uma data visivelmente comercial e esquece, por exemplo, de dar bom dia ao cara da portaria? Educação também é amor! Por que os shoppings ficam cheios, os restaurantes lotados e os camelôs faturam vendendo ursinhos de pelúcia se, no próximo fim de semana, um estará mentindo pro outro só pra poder ir “pra night catar geral”? Pra quê todo esse estardalhaço se achamos normal uma criança pedir dinheiro no sinal? Qual o sentido de celebrar o amor se continuamos insensíveis perante o sofrimento alheio?

Vocês falam que comemoram o amor, eu vejo milhares de pessoas gastando seu tempo e fazendo a economia funcionar. Ainda falta muito para que possamos sentir o Amor, comemorá-lo é quase utopia. O que falta (e falta mesmo) é amor no mundo. Falta alma nas pessoas.