segunda-feira, 14 de maio de 2012

Penumbra da noite


Mais uma noite e estou aqui, acordado, ouvindo músicas aleatórias, sob a penumbra dos meus próprios pensamentos iluminados apenas pela luz no computador. O cigarro está no mesmo lugar, meio aceso, meio apagado. Indefectível. O uísque, meio quente, meio aguado, me faz questionar o que estou fazendo aqui. Jogado nessa poltrona, ao léu, sinto o conforto dos mendigos que servem de morada aos ratos. Talvez eu também seja um rato. Ou um mendigo. Pior, eu sou eu, e nem os ratos escolhem perambular perto de mim. A janela emoldura uma Lua tão linda que, se eu fosse dotado de algum sentimento, talvez pudesse notá-la. Nada é tão real quanto antes, o abstrato tornou-se a minha verdade. E a verdade? Obsoleta. Cada linha que escrevo me sinto mais longe do fim e talvez seja assim mesmo. Hoje vivo porque morro a cada linha, ou evito a morte a cada linha e por isso vivo? Não sei, talvez fosse melhor se eu sentisse, mas essa pedra que guardo no peito não consegue amar nada além de ti. Muito além de mim. Fim.

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