sexta-feira, 5 de março de 2010

O guerreiro e a armadura

Cada lágrima que nos recusamos a derramar sempre volta. Sempre. Cada dor que insistimos em abstrair acaba ganhando cada vez mais força. Somos moldados a não acreditar no mundo e a esperar sempre o pior das pessoas. Crescemos ouvindo as trombetas da glória eterna ressoarem e os anjos entoarem os mesmos cânticos: "pessoas fortes não choram, não tenha sentimentos, isso só te torna fraco!". Os sentimentos nos tornam fracos mas nos transformam em humanos.

Algumas pessoas a cada manhã sobem num pedestal e se revestem com a armadura do ouro mais reluzente que puderem encontrar. No fim do dia entretanto, esquecem de se despir da fortaleza e recuperar a humanidade. Desaprendem a chorar, perdem a capacidade de pedir ajuda. São criados para serem soldados de infantaria: bravos, fortes, auto-suficientes. E no fim no dia, no fim da batalha, quando repousarem em seu leito, só restará o ouro da armadura porque a alma, a real essência foi perdida há tempos.

3 ficaram (des) consertados:

Gabriel Maia disse...

Abusando do intertexto, o mundo gira mesmo nessa dinâmica, como posto em uma canção do Bom Gaúcho: "..quem não fica frio, fica fraco". MAs não tô muito a fim de ser forte não,que neste mundo "o homem vale os cavalos que tem (agora e na hora de nossa morte, amém!). Como disse o Camelo, "não quero perder a glória de chorar", ou, se preferiem o Nando, estou em modo "sendo muito e tendo pouco". E para fazer a merecida propaganda de uma excepcinal banda mineira, a Cálix, "Sem saber o que procuram, correm contra o tempo se gabando, não se lembram do que são..."

Paulo Oliveira disse...

Sei como é isso, mas o mundo é cruel e somente agora aprendi a usar uma armadura, mas não é de ouro, um material mais barato mesmo...rs

Cris Santana disse...

é realmente desconsertante.