Dia desses estava com algumas amigas conversando sobre trivialidades quando uma delas pegou meu celular pra fazer uma ligação e, logo após começou a mexer nele.
- Tem música?
- Algumas, só não sei se você vai gostar.
- Deixa eu ver então.
Continuamos o papo de forma quando, de repente, minha amiga grita:
- Você ainda ouve Legião Urbana?!?!?
(Pra entender a surpresa dela é preciso de uma informação importante: eu sou fã da Legião Urbana desde que me entendo por gente - a única criança da minha sala que cantarolava "Será" na hora do recreio - desculpa, sempre tive bom gosto.)
- Ué, qual a surpresa?
- Eu não te vejo tem uns 10 anos e você ainda ouve a mesma coisa? Não enjoa?
(Era um reencontro de veeeeelhos amigos de escola.)
- Eu canso é de ouvir as bandas de hoje, sem conteúdo, com uma melodia grudenta e que ainda fazem prancha no cabelo!
- Caraca, mas tem quase 10 anos!
- Pra ver como algumas coisas não mudam nunca.
Em meio ao inconformismo da minha amiga, uma outra se juntou à conversa.
- Sabe qual era o diferencial deles? Eles tinham letra. Não é só uma música pra dançar, é música pra pensar também. Se o Renato estivesse vivo, faria mais sucesso do que todas essas bandinhas juntas.
- Ah, pra mim é música velha!
(Nesse momento esqueci a amizade e tive vontade de matá-la, juro, mas consegui me conter.)
- Música velha? Tá doida? São clássicos atemporais que, mesmo tendo sido escritos sei lá quando, ainda se enquadram na nossa realidade.
- Tá bom, tá bom, desculpa, é que isso também não é música pra carregar no celular.
- E o que que eu tenho que colocar no celular pra ouvir?
- Sei lá, alguma coisa mais animada.
- Desculpa, na próxima eu coloco o cd do Mc Créu.
Depois dessa breve discussão sobre meu gosto musical e que música deve entrar no repertório de um celular eu fiquei pensando no que minha amiga intrujona disse: "Imagina se o Renato estivesse vivo?". Eu adoro rock nacional, sou suspeitíssima pra falar. Capital Inicial, Titãs, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso... mas a minha preferência sempre foi Legião. Por quê? Sei lá, mas quando ouço aquela voz cantando "Há tempos que os jovens adoecem, e há tempos que o encanto está ausente, e há ferrugem nos sorrisos...", me dá um frio na espinha. É uma identificação muito forte e uma adequação com a realidade quase absurda. Quem ao ouvir o refrão de "Que país é esse?" não tem o súbito impulso de gritar "É porra do Brasil!"? Ou quem não se sente um imbecil pela própria passividade quando ouve "Perfeição"? É inegável, Renato tinha (e ainda tem) o poder de despertar sentimentos quaisquer que sejam. Da alegria extrema à profunda melancolia. Amor, revolta, ódio, compaixão, inconformismo... os melhores e os piores sentimentos são incutidos em nossa alma através de canções singulares. Ouvir Legião é um momento de catarse, como se fosse possível expurgar os próprios pecados, conseguir alívio pra alma e alcançar a redenção. É por isso e por outros motivos que Urban Legio Omnia Vincit!!
5 ficaram (des) consertados:
Antigo não... Clássicos.
Nunca vou esquecer da época em que eu ficava ouvindo rádio esperando tocar a musica que eu queria para gravar na fita K7.
Bons tempos...
Oie!! Dando uma passada aqui!! Muito legal seu blog. Quanto ao assunto Legião a questão é o seguinte: a tendência de hoje é a produção em massa de músicas cada vez mais superficiais e descartáveis, com intuito de vender e possuir dinheiro rápido. Sempre foi assim mas hoje em dia é de uma proporção muito maior. Músicas que têm somente alguns anos recebem o rótulo de "velhas" porque as pessoas se acostumaram com o "último sucesso do verão". Com isso, artistas talentosos não têm espaços na grande mídia e o resultado é a reação dessa tua colega.
Classico ja diz tudo...nao morre nunca...
Os clássicos nunca morrem...ainda bem! =D
Oi Suéllem!
Gostei muito desse texto do Legião, pude imaginar perfeitamente aqui a conversa entre vc e suas amigas. rsrs
Bjo!!
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